Momento em que a carne foi apreendida em Itabirito. Foto - Reprodução
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Itabirito (Região Central de Minas) – No começo da tarde desta quinta-feira (14/10), 401 quilos de carne imprópria para o consumo foram apreendidos e descartados pela Vigilância Sanitária da Prefeitura. A apreensão foi em um açougue do bairro Alto da Antena.

O caso não para por aí. Segundo denúncias, um Fiat Fiorino (que seria do dono do açougue) teria sido visto em tentativa de furto de uma vaca em Ribeirão do Eixo, na noite de quarta-feira (13/10).

A placa foi anotada por moradores locais e trabalhadores que prestam serviço para a Vale (empresa que tem empreendimento na região).

A informação a respeito do carro foi repassada por meio de um grupo de WhatsApp (criado pela Patrulha Rural da Polícia Militar) do qual participam moradores da localidade. Isso porque o automóvel foi visto rondando a área em situação considerada suspeita.

A polícia apurou que o carro apontado foi vendido para o dono do açougue.  

O furto

A tentativa de furto chocou moradores de Ribeirão. O animal foi morto enforcado, arrastado pela estrada, uma vez que os furtadores saíram em disparada com a chegada de uma moto.

Moradores, ouvidos pelo Radar Geral, acreditam que a intenção era colocar a vaca na carroceria, mas os furtadores teriam se precipitado por causa da motocicleta.

Depois que o animal já estava morto, a corda, que prendia a vaca, foi cortada e o corpo abandonado. “Era uma vaca para meu sustento e estava prestes a ter um bezerrinho. É absurda a quantidade de animais furtados não só em Ribeirão do Eixo, mas em toda Itabirito. Há dois anos, por exemplo, me levaram nove cabeças. Já estou até desistindo de criação”, disse o dono da vaca. Por questões de segurança, ele não será identificado.      

Fiscalização no açougue     

A fiscalização no estabelecimento contou com apoio da Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal (GM). Um dos presentes durante a abordagem disse ao Radar Geral: “Eram carnes que de maneira nenhuma poderiam ser colocadas para o consumo. Eram produtos com altíssimo risco”.

Sem divulgar o nome do açougue, a Guarda informou a ação por meio de suas redes sociais. “A operação identificou carnes de procedência duvidosa, vencidas e estragadas em um açougue da cidade”, disse o post.

Segundo a GM, a operação se desenvolveu após denúncia de que o comércio estava descumprindo normas sanitárias. “As equipes fiscalizadoras inspecionaram as câmaras frias do estabelecimento e constataram as irregularidades que colocavam em risco a saúde da população (…). Alguns produtos não possuíam comprovante de origem”, salientou o post.

“Durante a retirada das carnes, foi observado que um pedaço de costela bovina apresentava indícios de ter sido cortado com machado em local com vegetação, pois havia fragmentos de mato na carne (…). Também foram encontrados dois sacos plásticos contendo sangue bovino, o que indica que o animal foi abatido em local não legalizado, pois em locais credenciados, o sangue de boi é descartado”, informou a postagem da GM com base em informações da Vigilância Sanitária.

Na hora da fiscalização, os militares informaram que o dono do açougue estava ausente e que o Fioriono não foi visto.

O material impróprio foi retirado, pesado e levado para o aterro sanitário, onde foi descartado. A GM informou que “os proprietários” foram orientados a regularizar o estabelecimento. Ninguém foi detido e o estabelecimento não foi interditado.

Outro lado

O Radar Geral foi até o açougue, na manhã desta sexta-feira (15/10), para que o proprietário pudesse dar sua versão a respeito do assunto.

Ele nega veementemente que tenha envolvimento na tentativa de furto. “Meu carro anda em todo lugar. Se digo que vi um carro fazendo alguma coisa errada, tenho que provar (…). Não tem foto, não tem filmagem”, alegou.

O comerciante disse que os produtos que estavam vencidos eram frangos empanados e que essas carnes, em específico, seriam descartadas por ele.

Afirmou que não tinha nota somente da carne de boi pelo fato de o produto ter sido adquirido em fazendas da localidade, que não emitem nota.

O empresário garantiu que, apesar de estar no açougue, a carne apreendida não seria comercializada e nem sequer estava exposta. A princípio, ele disse que doaria o produto, depois afirmou que seria descartado. “Ontem (dia da fiscalização) não havia carne de boi em meu estabelecimento”, afirmou.

O dono disse que denegriram o comércio dele injustamente. “Se fosse para divulgar algo bom do meu açougue, para me ajudar, ninguém viria aqui”.

Perguntado se ele tem ciência de que será investigado pela Polícia Civil (com base no trabalho da PM em parceria com a comunidade) por suspeita de envolvimento no furto e pela procedência duvidosa de parte da carne apreendida, ele respondeu que “sim”.         

Os nomes do açougue e do proprietário não serão divulgados pelo Radar Geral uma vez que o caso está em investigação, ou seja, não há ainda qualquer conclusão. A única certeza é de que havia mais de 400 quilos de carne no local impróprios para o consumo e/ou de procedência desconhecida.

Veja fotos do material apreendido (que foi descartado no aterro sanitário):

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