Itabirito (Região Central de Minas) – A secretária de Saúde da Prefeitura, Cleusa de Lourdes Claudino, na manhã de quarta-feira (27/12), reuniu-se com duas das filhas da senhora Laurides Fernandes Moreira (de 76 anos) para explicar o motivo da demora da plástica ocular que a idosa espera há meses.
Para essa reunião, a secretária chamou o Radar Geral – site jornalístico que já fez três matérias a respeito do assunto, sem contar com esta atual.
Formalmente desde julho, Laurides aguarda o procedimento a ser realizado por meio do SUS (que funciona de maneira integrada: Município, Estado e Governo Federal). No caso em específico, a cirurgia está a cargo da Instituição de Cooperação Intermunicipal do Médio Paraopeba (Icismep).
A Icismep é uma associação pública de municípios, que tem o objetivo de desenvolver, em conjunto, ações e serviços que venham a complementar a assistência à saúde da população da região em que atua.
A associação atende a 70 municípios e, segundo a secretária (que provou suas palavras por meio de documentos), Dona Laurides está numa fila em que há 19 pessoas na frente dela. Isso porque a médica da Icismep, que atendeu a idosa em Igarapé (Grande BH), avaliou o caso de Laurides como de “prioridade baixa”.
“Provavelmente, ela não terá de esperar muito mais. Mas não sei precisar quando será atendida (…). Não posso passar ninguém na frente. E ninguém da minha equipe pode fazer isso. ‘Pode ir na China’, pode chamar a Record (TV), que não há a menor condição de não respeitar a fila. São atendidos mais rapidamente os casos de prioridade alta e média e, depois, os de prioridade baixa. Não gosto de injustiça com ninguém”, disse a secretária.
Entretanto, Cleusa se surpreendeu ao saber das filhas de Laurides que a idosa, nas palavras delas, não foi examinada pela doutora da associação. “Só trocamos o papel. Levei o pedido da médica de Itabirito, e a médica de lá (da Icismep) me deu outro papel”, disse a filha Juliana Moreira Araújo (de 40 anos).
A secretária afirmou que, com base no relato das filhas, vai se informar a respeito da situação e pedir um laudo.
O caso de Dona Laurides
A idosa realizou em abril deste ano uma cirurgia de catarata no Hospital São Vicente de Paulo (Rede São Camilo), de Itabirito. Laurides contou ao Radar Geral, em 9 julho, que após a cirurgia, uma veia de seu olho “ficou aberta”, situação que causa dores. Além disso, ela passou a usar óculos escuros porque suas vistas ficaram extremamente sensíveis à claridade.
À reportagem, o hospital afirmou em nota: “Informamos que a senhora Laurides Fernandes Moreira aguarda realização do exame de sondagem de via lacrimal, exame solicitado e que nada tem a ver com a cirurgia de catarata, cujo pedido encontra-se na Secretaria Municipal para agendamento, uma vez que não é realizado no município. Informamos ainda que a cirurgia de Facectomia (catarata) foi realizada no dia 30/03/2023, neste Hospital, com sucesso. O retorno da cirurgia de catarata foi no dia 21/04/2023, e tudo estava em conformidade”.
Resultado da reunião
As filhas de Dona Laurides entenderam a situação após a reunião. Elas discordam da irmã que procurou o Radar Geral. Disseram que a mãe está estável e também entende que tem de aguardar. “A gente fica na mão deles (dos responsáveis pela saúde pública). Tenho esperança de que possa ter a chance de uma troca de prioridade para minha mãe”, acredita Juliana, que conversou informalmente com o site depois do encontro.
Em busca de resposta
Em novembro deste ano, em busca de resposta, o Radar Geral procurou a Secretaria de Estado da Saúde, que enviou a seguinte nota:
“A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) esclarece que a responsabilidade pela gestão das filas de acesso, priorização e agendamentos de procedimentos, exames e cirurgias eletivas é das Secretarias Municipais de Saúde (SMS), visto que os pedidos de procedimentos/exames/cirurgias eletivas (de média ou alta complexidade) solicitados nos municípios não são encaminhados à SES-MG para regulação e agendamento. Portanto, para obter as informações desejadas, faz-se necessário que a demandante entre em contato com a Secretaria Municipal de Saúde do município de residência da paciente“.
Na mesma época, a Prefeitura (que responde pela Secretaria Municipal de Saúde) foi procurada via e-mail, porém não houve resposta. Sobre esta situação, Cleusa disse que o e-mail não foi repassado a ela, e que, em qualquer situação, a reportagem pode procurá-la pessoalmente. “As portas da Secretaria estão sempre abertas para qualquer esclarecimento”, enfatizou.
Leia outras matérias sobre o caso feitas pelo Radar em ordem de publicação:
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