Itabirito (Região Central de Minas) – Na noite desta segunda-feira (5/9), moradores da parte de baixo da Rua Erina Santa Cruz, bairro Itaubira, ocuparam as galerias da Câmara Municipal e (em manifestação pacífica e exibindo cartazes) exigiram solução para o embargo sofrido em, pelos menos, 16 residências.
Feito pela Prefeitura, o embargo se deu por riscos de desmoronamentos provocados pelas chuvas de janeiro por comprometimento do solo.
Jaqueline Matias estava entre os manifestantes. A mãe dela tem 84 anos e o pai, 89. O casal teve de deixar a casa onde moravam na rua em questão. “Eu levei um engenheiro no local e ele me disse que tem solução. A solução não é algo barato, mas se fizer um gabião vindo ‘lá de baixo’ segura todas as casas da rua”, afirmou ela com base no relato do profissional de engenharia.
Gabião é uma estrutura armada, flexível, drenante, de durabilidade e resistência, como a que está sendo feita às margens de trechos do Rio Itabirito.
Segundo ela, muitos continuam morando na rua mesmo com o perigo iminente. “É preciso que algo seja feito para que tanto meus pais como as pessoas da rua possam ter dignidade”, disse Jaqueline.
A manifestante afirma que a Prefeitura tem como resolver o problema e, para ela, há descaso por parte do Município. “Hoje mesmo teve morador pedindo lona por causa das chuvas que podem voltar, mas a Prefeitura disse que não poderia dar”, garantiu.
De acordo com Jaqueline, há rumores de que a Prefeitura vai desapropriar as casas. “No caso dos meus pais, a desapropriação não é viável. A gente não está mexendo apenas com questões financeiras. Há danos emocionais e morais. Como ‘você’ tira duas pessoas idosas da casa delas? Por mais simples que seja essa casa, a gente está falando de vidas! Se não tivesse solução para o problema, a gente poderia até pensar! ”, salientou.
A irmã de Jaqueline conseguiu o aluguel social para os pais por meio da Prefeitura. Entretanto, há atrasos nos repasses. “Eu pago o aluguel dos meus pais, e a Prefeitura faz o ressarcimento quando quer”, afirmou.
Câmara
Vários vereadores se mostraram indignados com a situação da rua, principalmente tendo em vista o orçamento da Prefeitura e pelo fato de não ter havido uma solução oito meses após as chuvas.
“Eu poderia ter um discurso mais inflamado, que de repente fosse aplaudido. Ou mais comedido e real, que de repente fosse vaiado. Vou na razão! Na semana passada, o secretário de Obras falou sobre o assunto (na Câmara). A situação é bem complicada. Mais complicada que se possa imaginar. Esta Casa (Legislativa) em nenhum momento foi omissa. Nós estamos cobrando isso há algum tempo. Mas quem tem a resposta para vocês é o prefeito (Orlando Caldeira). Qualquer projeto que vier a esta Casa para resolver o problema, será votado rapidamente. É triste saber que a gente só pode cobrar. Estamos todos nós (vereadores) juntos nessa causa”, disse o presidente Arnaldo Santos (MDB).
O vereador presidente também anunciou que os moradores da rua serão convidados para uma reunião com o prefeito e secretários na próxima sexta-feira (9/9), às 18h30, na sede da Defesa Civil, ao lado da Escola Natália Donada Melillo. Momento em que serão discutidas soluções.
O presidente disse que a resposta deveria ter sido dada antes pelo Município. “O problema é social e humano (…). A curtíssimo prazo não tem solução. Não fizeram em tempo hábil e não farão em tempo recorde”, disse Arnaldo referindo-se à Prefeitura.
O Radar Geral fez contato com a Prefeitura de Itabirito e aguarda resposta.
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