A felicidade pode incomodar. Foto: m-imagephotography / iStock
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Radar Literário             

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Mais uma vez fui lá ao 16.127.099º andar bater um papinho com Deus.

E quem veio me atender, com um recado na mão, foi Maria Madalena – quem diria, invejosos! – ela virou uma secretária poliglota!

– O Excelentíssimo Senhor Deus mandou dizer que seu “santo saco” já está cheio de você.

Mas, como o caso era de urgência urgentíssima, fui obrigada a protestar:

– Daqui não arredo o pé, enquanto Sua Excelência não falar comigo!

Maria Madalena, contrariada, deu meia volta, abriu e fechou a porta da Diretoria Geral e, após alguns instantes, aproximou-se com um sorriso irônico no canto dos lábios:

– O Excelentíssimo Senhor Deus mandou dizer que está muito ocupado com a pandemia da Covid-19 e com o Afeganistão. E, por isso, só estará disponível via e-mails – me informou, entregando um cartãozinho de apresentação com o endereço.

Não havendo outro jeito, voltei pro Térreo e mandei o e-mail com intrigante pergunta. Quatro dias depois, veio a resposta.

De: [email protected]

Para: [email protected]

Re: Pergunta intrigante

O Excelentíssimo Senhor Deus mandou dizer que esta questão foge até da Sua Digníssima competência.

Pergunta: Senhor Deus, por que as pessoas se incomodam tanto com a felicidade dos outros?

Priscilla Porto é jornalista e autora dos livros “As verdades que as mulheres não contam” e “Para alguém que amo – mensagens para um pessoal especial”.

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