ITABIRITO (MG) – Começou pouco depois das 10h30 e foi até 21h15, o julgamento de Paulo Henrique Barcelos Lacerda (o Paraíba) e de sua esposa Jordana Gonçalves Dias. Como previsto, não houve conclusão nesta quinta (29/5), 1º dia da sessão do Tribunal do Júri, presidido pelo juiz Antônio Francisco Gonçalves.
Amanhã (30/5) será lida a sentença. A bem da verdade, os réus ainda não foram ouvidos.
O casal está envolvido no assassinato de Leandro Augusto Mendes (Tico), na época com 36 anos. O crime foi em novembro de 2022, numa tarde de sábado, em meio a várias testemunhas. Paraíba foi o autor dos vários disparos – sendo que cinco acertaram Tico.
PAI
Foi do senhor Leonidas, pai da vítima, o depoimento mais forte. Ele chorou, pelo menos, duas vezes. “Paraíba, não carece, não! Foram as últimas palavras de meu filho, que morreu em meus braços”, disse ele.
O pai continuou: “Ele disparou 3 vezes contra meu menino. Dois tiros na cabeça e um no peito. Na sequência, Paraíba pediu para que eu me afastasse. ‘Não (me) afasto. Você matou meu filho na covardia’, eu disse. Foi quando Paraíba voltou e deu mais 3 ou 4 tiros”.

Leonidas fez referência à Jordana. Momento em que a ré chegou a chorar. “Se ela tiver filhos, que fale a verdade”, disse ele.
Contudo, apesar de magro, triste e abatido, em raros momentos, no decorrer da sessão, Paraíba esboçou sorrisos.
DEFESA
A estratégia da defesa foi trazer à tona, insistentemente, por horas, 74 ocorrências policiais envolvendo a família da vítima.
O advogado de defesa, Fernando Costa Oliveira Magalhões, chegou a usar a palavra “bandidos” para se referir a alguns membros da família Mendes. Na hora, o depoente Luís (irmão de Tico) contestou veementemente.
Ao Radar, o promotor Vinícius Alcântara Galvão disse que tal estratégia visa tirar o foco dos crimes. “O réu também tem passagem (no caso, por porte ilegal de armas) e as imagens são claras (…). Uma imagem vale mais que mil palavras”, afirmou o representante do Ministério Público.
De fato, são “crimes” (no plural), tendo em vista que Paraíba, além do homicídio duplamente qualificado, responde por tentativa de homicídio. Isso porque após matar Tico, Paulo disparou cerca de 5 vezes contra Luís, que correu e não foi atingido.
Aparentemente, outra estratégia da defesa foi insistir na possibilidade de Jordana não ter trazido a Paraíba a arma do crime. O Ministério Público refuta esta hipótese.
POLICIAIS
Dois policiais, um investigador da civil e um sargento da Polícia Militar, depuseram.
Ambos rejeitaram as alegações (da família de Tico) de que Paraíba seria “matador de aluguel”, “jagunço”, “marginal”, “cobrador de dívidas”, “envolvido com policiais corruptos” etc.
Provavelmente, se os crimes de Paraíba não tivessem sido registrados (em grande parte) por câmeras, seria um julgamento com base em guerra de versões.
AÇOUGUE
Antes de efetuar os disparos, Paraíba entrou na parte do açougue, do bairro Bela Vista, que não é aberta ao público, pegou duas facas e chamou os irmãos para resolver a questão.
Em seu depoimento, o dono do açougue não deixou claro por que não interveio e por que permitiu que Paraíba entrasse.
VEJA VÍDEO QUE MOSTRA VISTORIA DOS JURADOS DO TRIBUNAL DO JÚRI NO LOCAL EM QUE TICO FOI ASSASSINADO:
Após matar Tico e tentar acertar Luís, Paraíba teria efetuado um disparo acidental na perna de Jordana, que foi socorrida pela irmã do proprietário do açougue.
DOIS DIAS ANTES
Dois ou três dias antes do crime, Paraíba teria agredido os dois irmãos durante uma abordagem da Polícia Militar Rodoviária, na BR-356, em frente ao Laticínios Ita.
Naquele momento, o réu (na versão de depoentes) usava touca, boné e (ao mesmo tempo) parecia comandar a ação policial. Na hora, Paraíba ainda teria dado chutes nas vítimas. Os irmãos se rebelaram diante da situação quando Paulo foi reconhecido.
O sargento que depôs (que não pertence à guarnição rodoviária e teria, somente, dado apoio na ação) disse que Paraíba não comandava os militares e negou que o réu estava de touca. “Acredito que ele era uma testemunha” disse o sargento.
Foi a partir desse momento na BR que a rusga entre os envolvidos teria de fato começado.
A defesa ainda insistiu na ideia de que Tico não seria inocente no conflito que se iniciou no estabelecimento do Bela Vista. Contudo, a família afirmou, a todo momento, que Tico somente dizia a Paraíba (no açougue) que o caso da abordagem policial “era irrelevante e ficou no passado”.
DOR
A perda causou imensurável dor em toda família Mendes.
O sentimento da maioria dos presentes que assistiu à sessão (que teve público expressivo) é que não há justificativa para um crime tão bárbaro.
Imagens de câmera de segurança (disponibilizada pelo dono do açougue) e vídeo feito por Luís (que mostra Paraíba atirando) são provas cabais da autoria do homicídio.
“Que a justiça seja feita. Nada vai trazer o Leandro de volta, mas será um alívio para gente”, disse Luís, que ainda afirmou que abdicou de muitas coisas em sua vida depois da morte de Tico.
“Ele era alegria de todos nós. A morte dele destruiu toda a família. Hoje eu vivo com medo (…). Ele deixou 5 filhos. O mais novo (com 5 anos) me pediu para ir a uma homenagem (aos pais) na escolinha”, relatou Luís ao se lembrar do irmão.
O RADAR GERAL COBRIU TODO O 1º DIA DE SESSÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI. A REPORTAGEM CHEGOU ÀS 10h E SAIU QUASE ÀS 22h. VEJA VÍDEO:
Leia cobertura do Radar Geral a respeito do crime (em ordem de publicação):
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