Após quase 8 anos, a Justiça marcou para o dia 14 de maio o julgamento do tenente Ícaro José de Souza, da Polícia Militar (PM), suspeito de matar, em 2017, o jovem Igor Arcanjo Mendes, no Centro de Ouro Preto (Região Central de Minas).
No Fórum da cidade histórica, a decisão será tomada por júri popular.
Relembre o caso
No dia 15 de setembro de 2017, por volta das 21h30, Igor ia para um show com amigos quando o carro em que estava, um Fiat Palio, foi abordado pela polícia no Morro da Forca, no município ouro-pretano.
Os agentes pediram para que todos os ocupantes do veículo saíssem com as mãos para o alto. Durante a ação, o tenente Ícaro observou dentro do automóvel e percebeu que o rapaz estava com algo entre as mãos, deduzindo que Igor portava uma arma de fogo. Na verdade, era um celular.
O PM atirou, deixando o jovem gravemente ferido. Igor foi conduzido ao Hospital Santa Casa da Misericórdia de Ouro Preto, mas não resistiu e morreu poucas horas depois.
Na época, Igor tinha 20 anos e trabalhava como jardineiro na região.
Segundo a família da vítima, ele era um rapaz muito querido por todos. Atualmente, o quarto que dividia com seu irmão se tornou uma espécie de memorial, onde em uma das paredes há um quadro com o uniforme do Independente Futebol Clube (time do bairro em que ele jogava), além de uma arte de Igor, simbolizando-o como um anjo, com os dizeres “seja forte e corajoso”, em inglês. Tais palavras são inspiradas num trecho da Bíblia que diz: “Não se apavore, nem se desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar”.
De acordo com o G1, em outubro de 2017, o tenente foi transferido para São João del-Rey. Em março de 2019, ele foi designado para Barbacena. Na época, os militares tratavam a situação como sendo “legítima defesa”.
Depoimento
Ao Radar Geral, a irmã de Igor, Nayara Mendes, afirmou que ela, a mãe, seus irmãos e todos da família querem que o PM seja condenado. “Nossa família segue até hoje despedaçada. Igor era uma pessoa maravilhosa e foi arrancado da gente de uma forma tão brutal, e esse monstro merece ser condenado”, disse.
“Igor foi um menino inteligente, sonhador, trabalhador e cheio de vida. Era um filho maravilhoso, irmão carinhoso e amigo leal. Com ele se foi um pedaço de quem o amava e ficou a dor da saudade e da revolta por um crime tão cruel”, completou Nayara.