No último mês, a Vale identificou uma anomalia em um dreno da barragem Forquilha III, em Ouro Preto (Região Central de Minas Gerais).
De acordo com o G1, a anomalia foi detectada no dia 15 de março e está relacionada ao acúmulo de material sedimentado de coloração acinzentada na saída do dispositivo de drenagem, situado no primeiro alteamento da barragem.
A Vale informou que não houve alteração nas condições da estrutura, que está em nível 3 de emergência desde 2019.
Uma nota técnica elaborada no dia 21 de março pela consultoria Aecom descreve a situação do dreno ao longo dos anos, destacando que a ocorrência atual é inédita devido à presença de material com minério de ferro em fração muito fina. A consultoria sugere à Vale a suspensão de todas as atividades na barragem até que seja concluído o diagnóstico da situação atual.
Segundo relatórios da Agência Nacional de Mineração (ANM), duas inspeções já foram realizadas nos dias 19 e 22 de março.
Na última inspeção, foi observado que ainda há uma pequena quantidade de sedimentos escapando pelo dreno; porém, a porção líquida apresentou uma “turbidez insignificante”. Isso levou a agência a afirmar que não há evidências imediatas de agravamento na situação da barragem.
A ANM informou que está acompanhando de perto a implementação do plano de ação desenvolvido pela Vale para lidar com essa anomalia.
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) enviou recomendação ao Diretor-Presidente e ao Conselho de Administração da Vale para que, de imediato, adote todas as providências necessárias para manter o órgão fiscalizador (ANM), o órgão do SISNAMA (Feam) e os órgãos de Defesa Civil Estadual e Municipais devidamente informados sobre as condições de segurança da Barragem Forquilha III e das demais estruturas da Mina de Fábrica, localizadas em Ouro Preto.
O documento, encaminhado no dia 26 de março, ainda recomenda que a Vale cumpra o seu dever de informação à população, sempre de forma verídica, completa e em linguagem acessível, sobre os riscos e condições de segurança da barragem.
Em caso de ruptura da barragem, uma das cidades atingidas seria Itabirito, que devido ao surgimento dessa anomalia, divulgou um comunicado tranquilizando a população sobre a situação.
Confira a nota na íntegra:
“A Prefeitura de Itabirito esclarece, diante da circulação de notícias sobre a barragem de Forquilha III, localizada em Ouro Preto e classificada como ‘Nível Emergência 3’ desde 2019, que toda a Zona de Autossalvamento (ZAS) em Itabirito está evacuada desde então.
A área de risco para inundação na cidade foi devidamente sinalizada, com monitoramento periódico da situação realizado pelas Defesas Civis de Minas Gerais, Itabirito e Ouro Preto.
Além disso, a Prefeitura informa que o muro de contenção construído pela Mineradora Vale, no distrito de São Gonçalo do Bação, tem capacidade de absorver o impacto de eventual rompimento de todas as barragens do complexo, segundo nota técnica da auditoria da ACOM, elaborada a pedido da Coordenadoria Estadual de Meio Ambiente e Mineração do Estado (CEMA).
Por fim, a Prefeitura ressalta que, em caso de qualquer situação adversa, fará divulgação imediata por meio dos canais oficiais com intuito de informar e tranquilizar a população.”