Da Agência Minas
Na Escola Estadual José Leandro, no distrito de Santa Rita de Ouro Preto, cerca de 60% dos alimentos oferecidos na merenda escolar são provenientes de agricultores familiares da região. Quem dá a informação é a diretora Valdirene Rodrigues Silva, que se orgulha da escola superar, em muito, a meta estabelecida pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) de ao menos 30% de compra direta de alimentos da agricultura familiar. No prato dos alunos não faltam feijão, hortaliças, legumes e frutas, tudo fresco e de qualidade.
Grande parte desses alimentos que chegam à escola José Leandro e outras da região são fornecidos pela Cooperativa dos Agricultores Familiares de Ouro Preto e Região (Coopafor). Criada em 2018 por iniciativa dos próprios agricultores, ela agrega 68 cooperados e recebe auxílio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) e da Prefeitura de Ouro Preto, na região Central do estado.
“Antes os produtores estavam organizados em uma associação, mas como ela não era apropriada para a comercialização, o que gerava muita insegurança, eles optaram por fundar a cooperativa”, conta a extensionistas de bem-estar social da Emater-MG, Regina Rodrigues de Oliveira.
A Coopafor possui um galpão, onde recebe, organiza e distribui os alimentos entregues pelos cooperados, além de uma unidade apícola e outra de produção de quitandas. “O galpão é um espaço público municipal em comodato com a cooperativa. É importante destacar também a parceria com o Ministério Público do Trabalho, que fez um aporte de R$ 570 mil para cooperativa, usados nas reformas da unidade apícola e do galpão, que hoje conta com câmera frio, além da compra de um caminhão-baú e de toda infraestrutura administrativa”, acrescenta Regina.
Suporte para comercialização
O agricultor Sebastião Liberato Santana é um dos cooperados e para ele o papel da Coopafor na comercialização dos produtos é fundamental. “É uma coisa segura, eles correm atrás e a gente tem só que produzir e levar”, conta.
Sebastião trabalha com a família numa pequena propriedade na zona rural de Ouro Preto, onde produzem beterraba, cenoura, couve, alface e diversos outros alimentos, tudo livre de agrotóxicos. Ele recebe orientações para o plantio do técnico da Emater do município, Wagner Henrique Pereira, que acompanha a família há vários anos. Além de orientar sobre práticas agroecológicas, Wagner também auxilia no planejamento da produção, de tal forma que durante todo o ano tenham produtos para fornecer às escolas.
“A gente trabalha com planejamento para a coisa dar certo. Primeiro encaminhamos para cooperativa as demandas de todas as escolas e, em seguida, levo isso para o produtor, para programar a horta com ele, estimar o quanto ele deve plantar, para suprir a necessidade que a escola demandou”, explica Wagner.
No contato com as escolas da região, a Emater fornece o mapa de produção do município, para alinhar oferta e demanda e também auxilia na organização das chamadas públicas unificadas, processo pelo qual as compras da agricultura familiar são efetivadas.
“Ter a Emater como articuladora dentro do processo da alimentação escolar é fundamental, porque temos as Caixas Escolares com recurso e somente os gestores e as regionais de ensino não conseguem efetivar as compras da agricultura familiar. A Emater faz com que esse recurso possa fluir, tanto na alimentação escolar, com os produtos chegando com qualidade para os alunos, quanto na geração de renda para o município”, atesta a diretora administrativa e financeira da Superintendência Regional de Ensino de Ouro Preto, Vânia Cristina Siqueira Gonçalves.
Toda a produção da Coopafor é direcionada para o Pnae. Segundo o secretário agropecuário de Ouro Preto, Franklin Evangelista, a grande maioria dos produtores do município são familiares, o que torna o Pnae extremamente relevante para a geração de renda e o desenvolvimento da região. “O Pnae, além de constituir um relevante instrumento de segurança alimentar, é um instrumento importantíssimo de reserva de mercado para esses agricultores. Eles podem plantar com garantia de que vão comercializar os produtos a um preço já determinado”, complementa.