Mariana (Região Central de Minas) – Um laudo produzido a pedido do Ministério Público Federal (MPF) mostra que, após o crime do rompimento da Barragem de Fundão em 2015, a Samarco forneceu uma substância rica em formol no tratamento de água. A substância é tóxica e cancerígena quando ingerida em grandes quantidades. As informações são do portal de notícias Metrópoles.
O estudo é de autoria da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Instituto Federal do Espírito Santo e da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia (Facto). Os pesquisadores observaram níveis acima do permitido de Tanfloc SG no Rio Doce, em Colatina, Espírito Santo. O produto foi usado também em outras diversas cidades e municípios que são banhados pelo Rio Doce, prejudicando a vida de todos aqueles que dependem e sobrevivem através dessa bacia.
O Tanfloc, tem resíduo de formol, por isso deve ser usado em um limite de até 10 miligramas para cada 1 litro no tratamento de água. Na pesquisa feita pelas fundações foi possível observar que essa demarcação foi desrespeitada. Apenas em Colatina, foram observados 7,39 milhões de metros cúbicos de água tratados com Tanfloc em dosagem superior à recomendada.
A Samarco afirmou que o Tanfloc não é um produto perigoso e que a mineradora não tem responsabilidade pela aplicação e que, quem faz o serviço de tratamento são os Serviços Autônomos de Água e Esgoto de cada município.
A Fundação Renova, formada pela Vale, Samarco e BHP Billiton afirmou que a água do Rio Doce está liberada para consumo humano desde 2016, um ano após o desastre ambiental. Apesar de estudos posteriores mostrarem o contrário disso, como é o caso da pesquisa da Fiocruz.
No laudo realizado, foi apontado um produto alternativo que poderia ser utilizado sem poluir a água com formol. O sulfato de alumínio. Essa substância inclusive chegou a ser usada no tratamento, porém, ela demanda mais quantidades do que o Tanfloc para uma mesma quantia de água, o que provavelmente fez a Samarco optar pelo segundo produto.
Moradores da região entraram na Justiça em 2021 pedindo uma indenização devido a contaminação da água com formol. Uma ação foi movida pela Associação de Produtores Rurais e Artesões do Espírito Santo, Associação dos Moradores do Bairro Colatina Velha e pela Associação de Moradores de Vila Lenira, de Colatina.
Segundo as entidades, o tratamento indevido de água da mineradora afetou todos que dependiam do abastecimento do rio. O valor pleiteado é de R$ 120 bilhões para cerca de 585 mil pessoas.
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