Em depoimento ao Radar Geral, trabalhadores da empresa “MPC Transporte e Terraplenagem”, que são moradores de Itabirito (na Região Central de Minas), relataram a aflição que eles costumam ter dentro dos ônibus oferecidos pela empresa para o transporte de funcionários.
A MPC presta serviço para a Cedro Mineração, e a firma responsável pelos ônibus (contratada pela MPC) é a GVC, de Itabirito, empresa que faz parte do grupo Souza e Braga. Problemas com o transporte de trabalhadores de Itabirito (envolvendo outras empresas) são comuns e, inclusive, já foram relatados pelo Radar Geral.
Risco
Segundo relatos, na última terça-feira (17/8), por volta das 23h, cerca de 25 empregados da MPC (moradores de Itabirito) estavam dentro do ônibus rumo ao trabalho no município de Nova Lima (MG), quando o veículo bateu na parede do túnel na entrada do Jardim Canadá.
Na sequência, perto do Vale do Sol, o ônibus quase atingiu o canteiro central. Depois de alguns minutos, o mesmo ônibus por pouco não caiu em uma ribanceira, em um trecho que só passa um veículo de grande porte, chegando a esbarrar na mureta de proteção. “Para aí!”, gritou um dos passageiros.
Neste dia, a situação chegou a um ponto que os trabalhadores se recusaram a seguir viagem. Sendo assim, uma van teve de buscá-los para que o percurso fosse concluído. “Não queremos ser notícia na mídia como vítimas de uma tragédia anunciada. Gostamos de trabalhar na MPC, é uma empresa boa, que contrata muita gente de Itabirito, precisamos do emprego, temos família. Mas não podemos nos sujeitar a esse tipo de risco. A firma já está ciente. Foram várias as reclamações. Não são raros os colegas que pensam em pedir conta (demissão) para que possam continuar íntegros”, disse um dos trabalhadores, que por motivos óbvios, não será identificado.
Segundo ele, não se trata de um caso pontual. Atrasos, vazamento de óleo, problema de freio, ônibus velhos e sujos são características do transporte oferecido. “É comum cheiro forte de óleo quando há vazamento. Parece que não há preocupação com a manutenção dos veículos. Muitos motoristas podem até ter anos de carteira, mas aparentam inexperiência no trecho que é bem perigoso. Não queremos denegrir a imagem da empresa. Só queremos a solução do problema”, afirmou o funcionário.
Um segundo funcionário recordou: “Há cerca de duas semanas, o ônibus quebrou. Mandaram outro veículo, que quebrou também. Tiveram de mandar um terceiro veículo”.
Outra situação que deixa os trabalhadores itabiritenses indignados é que para os funcionários que moram em Nova Lima, Raposos ou Belo Horizonte, a MPC oferece ônibus em boas condições. A empresa admite que para estas cidades, o serviço é feito por outra firma de transporte.
Outro lado
O Radar Geral entrevistou o gerente de mina da MPC, Weverton José Pereira.
Segundo ele, providências foram tomadas para que a situação, de terça-feira (17/8), não se repita. “Depois do acontecido, não houve mais reclamação do tipo. Os ônibus já estão melhores. Não houve mais problemas”, afirmou.
Contudo o gerente admitiu que reuniões estão sendo feitas para que a Souza e Braga tome providências com objetivo de melhorar a frota. “A gente (da MPC) pede (à Souza de Braga), mas não é a gente que faz a manutenção (dos veículos). E a MPC ainda busca, com a Souza e Braga, as evidências de que a manutenção foi feita”, garantiu.
Weverton disse que a Souza e Braga presta serviço para a MPC há cerca de dois anos e que as reclamações são recentes. “Demos oportunidade a uma empresa de Itabirito. Mas, ao mesmo tempo, estamos pedindo o orçamento a outras empresas”, admitiu o gerente.
Souza e Braga
O Radar Geral entrou em contato com a Souza e Braga. A empresa ficou de mandar uma nota a respeito do assunto, entretanto, até o fechamento desta matéria, a nota não havia chegado.
Caso a empresa ainda queira se manifestar, as portas do Radar estão abertas.
[…] Itabirito (Região Central de Minas) – Em nota publicada no site Sou Notícia, em 20/8, a empresa de transporte Souza e Braga contestou a matéria veiculada no Radar Geral no dia 19/8. […]