Este mês é marcado pela campanha “Setembro Amarelo”, que busca prevenir casos de suicídio por meio de incentivos aos cuidados com a saúde mental. Segundo o Ministério da Saúde, em Minas Gerais, os autoextermínios (de pessoas com idades entre 5 e 74 anos) cresceram 42,4% entre 2011 e 2021 (de 1.219 para 1.736). Chama atenção a elevação dos casos entre jovens de 10 a 14 anos (alta de 80% no mesmo período).
Sandra Vieira, psicóloga da Faculdade Alis Itabirito, explicou que um dos principais sinais de que a criança ou o adolescente esteja passando por um processo depressivo, ou evoluindo para um transtorno depressivo, são claros: “Podemos observar, como a alteração no comportamento, que vai se expressar num retraimento, isolamento social. A criança ou o adolescente vai ficando mais quietinho, tendo problemas na socialização, geralmente na escola, mas também pode ser em casa, na família. Ele vai ficar mais calado, mais silencioso, no quarto, mais no canto dele, sem interagir socialmente com as pessoas”, explicou.
A psicóloga disse ainda que na adolescência, isolar-se é comum, mas “precisamos prestar atenção na intensidade desse isolamento. Se está atrapalhando as relações, a interação social, pode ser um sintoma de depressão”.
Outros sinais
Alterações relacionadas ao sono e apetite (perda de peso) são sintomas adicionais que devem ser observados.
“Portanto, vai existir aí uma perda de peso importante porque a criança não quer se alimentar, por não sentir vontade de comer nada. Além disso, queixas somáticas são comuns, como problemas gastrointestinais: dor de barriga, dor de estômago, vômito, enjoo, dor de cabeça e tonturas. Trata-se de sintomas físicos, mas que podem estar relacionados a um transtorno depressivo”, disse ela.
Consequências
Na fase infantojuvenil, a situação pode evoluir para transtornos mais graves: transtorno bipolar, transtorno depressivo com sintomas psicóticos (delírios e alucinações) e até a autoagressão e tentativa de suicídio.
“Quando a gente observa que esses sintomas estão trazendo prejuízo para a vida do adolescente, para interação familiar, para o rendimento na escola, é um sinal de alerta, é um sinal de necessidade de buscar ajuda profissional, como de um psicólogo, de um psiquiatra especialista na infância e na adolescência (…)”, alertou.
Tratamento
O tratamento para o transtorno depressivo na infância e adolescência vai de acordo com a avaliação do médico psiquiatra. O tratamento pode ser medicamentoso acompanhado da psicoterapia, que consiste no acompanhamento psicológico.
Segundo Sandra, a psicoterapia cognitiva comportamental tem se mostrado, com bastantes evidências científicas, uma das melhores abordagens e tratamentos para o transtorno da depressão na infância e adolescência.
“Além da psicoterapia e do tratamento medicamentoso, faz-se necessário a orientação para os pais, uma vez que eles não têm a maturidade para tomar suas decisões e levar o ritmo da sua vida sozinhos (…). O apoio da família, dos pais, a participação na psicoterapia, no tratamento, é essencial para a melhora”, conclui a psicóloga.
Sempre há solução
Uma das formas de buscar ajuda para intenções suicidas é ligando para 188 (Centro de Valorização da Vida). A ligação é gratuita e o serviço funciona durante 24h.