Calçados (principalmente femininos), utensílios domésticos, móveis em bom estado, bijuterias, bolsas, aparelhos de TV, computadores e muito mais. Tudo higienizado. Trata-se de produtos conseguidos por meio de doação que estão à venda no bazar beneficente da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) de Itabirito.
O bazar funciona ao lado da antiga delegacia, no bairro Praia, das 13h às 17h, de segunda a sexta-feira. A Apac, propriamente dita, está com prédio pronto no Marzagão desde o ano passado. Contudo, ainda não está recebendo recuperandos (nome pelo qual são chamados os detentos do sistema Apac).
Como a maioria dos lugares que vendem produtos usados, os preços são convidativos. Peças de roupas seminovas, por exemplo, podem ser encontradas a R$ 10 ou R$ 15. “Gostei muito. É a primeira vez que venho. Tem muita coisa boa. Comprei um escorredor de arroz”, disse Solange Aparecida Fernandes (57), moradora da Vila Gonçalo.
A costureira Luzia Ferreira, do bairro Praia, comemorou a novidade e disse que esse tipo de comércio faz falta no bairro.
Segundo voluntários, a intenção do bazar é arcar com pequenos reparos no prédio da Apac, além de pagamentos de contas como água e luz da associação.
Situação da Apac
Apac ainda não está em funcionamento em Itabirito. O prédio foi inaugurado em 24 de junho de 2019. Contudo, segundo o vice-presidente Admilson Celso Santiago, está sendo aguardado um parecer do Ministério Público para saber como será feita a transferência dos detentos que têm condições de se adaptar ao sistema considerado modelo em recuperação.
A sociedade, algumas vezes, não vê com bons olhos entidades que trabalham com detentos. “O que fazemos é uma ação voltada para o ser humano e não para o crime”, disse Elizabeth Maria Justiniano, voluntária na Apac e uma das responsáveis pelo bazar.
No fim de 2011, em entrevista ao extinto site AgitoMais, a então juíza de Itabirito, Sabrina da Cunha Peixoto Ladeira, disse que no sistema convencional de recuperação de presos (que acontece em presídios e cadeias de Minas) mais de 50% dos condenados voltam a cometer crimes quando saem do cárcere. No sistema Apac, esse índice não chega a 15%. “Ou seja, quando o preso é recuperado, toda a sociedade ganha. Quando ele sai pior da cadeia, todos perdem”, disse a magistrada.
Nas Apacs, recuperandos acordam cedo, trabalham e são incentivados a ler e a estudar.