Pedreiro que deu 2 facadas em um homem no Trop Sucos é julgado pelo Tribunal do Júri, em Itabirito
Momento em que a sentença estava sendo lida pelo juiz Dr. Antônio - Foto: Romeu Arcanjo - Radar Geral
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Matéria atualizada às 14h48 de 7/2/2025 com a correção do nome do advogado de defesa.

ITABIRITO (MG) – Sob a presidência do juiz Antônio Francisco Gonçalves, na manhã desta quinta (6/2), o pedreiro, cujo 1º nome é Cristiano (de 38 anos), coincidentemente nascido no Natal, morador do bairro Santo Antônio, foi julgado pelo Tribunal do Júri.

O crime cometido foi desclassificado de “tentativa de homicídio” para “lesão corporal”. Ele foi condenado a 3 meses de prisão. Contudo, já estava preso, preventivamente, há cerca de 1 ano e 2 meses. Por isso, deve deixar o sistema prisional.

O DIA DO CRIME

Em 7/12/2023, no fim da manhã, a vítima, de nome Francisco, estava no Trop Sucos em frente à Prefeitura, quando Cristiano pediu a ele uma bebida. Em resposta, a vítima teria perguntado: “Eu tenho cara de Papai Noel?”.

O autor, então, reclamou e xingou. Começou, assim, uma briga. Nesse meio tempo, o pedreiro pegou uma pequena faca em sua mochila, e a vítima (muito maior que o autor) pegou Cristiano pelo pescoço.

Segundo a defesa, as facadas teriam sido efetuadas quando o pedreiro estava sendo “enforcado”. Cristiano estaria de costas, sendo esganando (termo mais exato) por Francisco – em posição semelhante à maioria dos “mata-leões” (golpe de jiu-jítsu).

Advogado de defesa mostra a faca usada para dar os golpes – Foto: Radar Geral

Foram duas facadas superficiais: uma na pálpebra, outra no tórax. Na sequência, por “desistência voluntária”, o autor cessou os golpes e saiu do local.

Citando Von Liszt (pai do direito penal moderno), o promotor Vinícius Alcântara Galvão mencionou o termo “ponte de ouro”. “‘Eu posso’, mas não quero mais”, disse, referindo-se à atitude do réu de desistir (por vontade própria) de continuar esfaqueando a vítima – sem que ninguém o impedisse.

Em sua explanação, o promotor descartou a hipótese de legítima defesa, o que inocentaria o pedreiro, mas (juntamente com a defesa) defendeu a desqualificação do crime. E foi o que os jurados decidiram.

O tempo todo com bíblia na mão, o réu ficou comedidamente emocionado com a decisão. A bem da verdade, ele só ficou preso por mais de 1 ano porque já havia contra ele uma (outra) sentença pelo crime de furto (que o deixou atrás das grades por 14 dias). Ou seja, se fosse réu primário, muito provavelmente, responderia em liberdade.

Ministério Público e defesa aprovaram a decisão dos jurados. O advogado do réu, Leandro José Donato da Mota, que já contratou os serviços de pedreiro de Cristiano e o conhece há anos, discretamente, abraçou seu cliente no momento em que sentença estava sendo lida.

VIOLÊNCIA EM ITABIRITO – RESPONSABILIDADE DA SOCIEDADE

Voltando ao promotor, ele deixou claro que nenhum crime deve ficar impune e se mostrou preocupado, especificamente, com a violência em Itabirito. “No caso, o acusado tinha uma faca na mochila e a usou numa briga de bar. Isso não pode ser tolerado”, disse.

Promotor afirma estar preocupado com a grande quantidade de “crimes atrozes e terríveis” em Itabirito – Foto: Radar Geral

“Atuei em Congonhas por 16 anos. Cidade muito parecida com Itabirito, quase do mesmo tamanho (…). Por que lá têm 3 vezes menos crimes? Por que os crimes em Itabirito são mais atrozes e terríveis? Quem vai resolver o problema da criminalidade em Itabirito somos nós (a sociedade) ”, afirmou, destacando a importância de decisões assertivas dos membros do Tribunal do Júri. “A absolvição de criminosos vitamina o crime”, concluiu.

EM TEMPO: outro motivo que contribuiu para que o réu fosse condenado por lesão corporal é o fato de a vítima ter se mudado de Itabirito e ter dado seu depoimento, somente, à Polícia Civil – não sendo encontrada durante todo o processo na Justiça.

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