Ônibus da Rio Negro dentro da obra em São Gonçalo do Bação. Foto conseguida pelo Radar Geral
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ITABIRITO (MG) – Ônibus considerados velhos, fracos, sem condições de oferecer transporte seguro não só para os motoristas, mas também para empregados transportados do Consórcio Minas Mais, que moram em Itabirito e Ouro Preto (MG), e que são trabalhadores das obras do muro de contenção da Vale, no distrito de São Gonçalo do Bação. Essa denúncia, feita por motoristas, chegou ao Radar Geral no meio da semana passada. A demora na apuração da história impediu que o conteúdo fosse divulgado de imediato.

A proprietária da frota que conta hoje com 80 ônibus, empresa Rio Negro (Grupo Transmoreira), rebateu as acusações. “Nossa frota é revisada e credenciada pelos órgãos gestores para que esteja apta a rodar”, disse o diretor da Rio Negro, Dinis Moreira (veja resposta completa nos últimos parágrafos desta matéria).

Contudo, quatro motoristas da Rio Negro ouvidos pelo Radar Geral (que por motivos óbvios não serão identificados) afirmam que as reclamações, com relação à qualidade dos ônibus, são constantes e generalizadas.

Nem todos denunciantes procuraram o site. A maioria dos depoimentos foram conseguidos na apuração da reportagem.

A situação teria alcançado dimensão a ponto de três motoristas terem sido demitidos por tentativa de organizar uma greve reivindicando mais segurança.

Os denunciantes (todos ainda empregados da Rio Negro) não negam que a manutenção é feita, como afirma a empresa. Todavia, “é como tentar tapar buracos enormes com durex”, ironizou um deles.

Inclusive, uma fonte disse que recentemente, dentro da obra em São Gonçalo, por causa das chuvas, os ônibus deslizaram na lama e não conseguiram completar o percurso com os passageiros. “Os veículos desceram ‘chiando’, de lado, e o pessoal teve de sair e andar a pé”, afirmou. Para ele, se a frota fosse mais adequada, isso não aconteceria. “A questão é que os ônibus são fracos”, acredita.

São constantes as substituições de veículos que dão problemas mecânicos durante o percurso. Segundo fontes, o ônibus reserva, muitas vezes, também costuma apresentar falhas importantes. “Peguei um veículo, rodei poucos quilômetros e houve problemas no intercooler. (Então) me deram outro ônibus extremamente barulhento e muito frouxo”, disse um dos motoristas.  

Uma das fontes afirmou que a Rio Negro possui bons carros. Entretanto, “creio que a empresa tenha assinado um contrato de valor abaixo do mercado e agora tem de atender (a demanda como pode). Eles (da Rio Negro) pouparam os ônibus mais novos e trouxeram (para Itabirito) uma frota que estava parada no pátio há mais de 6 meses”, opinou este motorista. Por sua vez, o diretor da empresa diz que “esta acusação é totalmente infundada”.

Ouro Preto

Quando o assunto são as viagens a Ouro Preto (MG), a situação ganha ares ainda mais preocupantes.

“Já peguei veículo sem freio retarder, ‘freio-motor baixando o ar’, a direção apresentando folga significativa. Na rodovia (BR-356), onde a velocidade são 80 km/h, você tem que dar seu jeito para conseguir manter o veículo dentro da faixa. Não devemos escolher ‘carro’, precisamos somente de um ônibus que dê condição de trabalhar”, disse ele.

Segundo este motorista, com apenas um passageiro, ele teve dificuldade de subir um morro ouro-pretano. “O carro ferveu”, afirmou.

De acordo com ele, em subidas não tão íngremes, o veículo só sobe com a força da primeira marcha. “É extremante perigoso. A gente transporta vidas, e eu preciso trabalhar”, lamentou.

Recentemente, um veículo da empresa teve problemas mecânicos na BR-356. Houve um princípio de incêndio. A motorista não se feriu. Não havia passageiros.

Rio Negro – resposta completa

Segundo o diretor da Rio Negro, a empresa atua respeitando os princípios e as convenções trabalhistas. “Seguimos todas as normas de segurança, com garantia da qualidade dos serviços prestados a todos os nossos clientes. Em se tratando da Vale, as exigências são ainda maiores que a legislação para garantir total segurança de seus empregados e terceiros. Todas as regras e exigências são seguidas à risca pela Rio Negro”, disse Dinis.

Ele afirmou que a frota tem em média 8 anos, mas há carros de 2019 e 2017. E garantiu que os veículos passam por manutenção periódica dentro dos padrões exigidos pelos fabricantes.  

“Temos mecânico credenciado que coloca o ‘carro’ apto a rodar. A frota é também vistoriada periodicamente por um engenheiro credenciado pelos órgãos competentes. São mais de 3.000 viagens por mês. Oito meses de operação. Nunca houve um acidente. É prova de que a frota está conforme os padrões requisitados. Temos todas as condições para garantir total segurança dos nossos clientes e passageiros”, garantiu o diretor.

A respeito do ônibus que teve um princípio de incêndio na BR-356, Dinis disse: “o veículo não estava em operação pelo consórcio. Estava em deslocamento. Está sendo feita análise através de uma perícia técnica (para saber o que houve)”.

O diretor salientou: “Temos ainda equipe com eletricista, lanterneiro, de capotaria e (por causa da pandemia) empenhamos uma força-tarefa para a higienização e limpeza em 100% da frota. Nossos ônibus são 100% seguros”.

Resposta da Vale

O Radar Geral aguarda resposta da Vale. Caso chegue, será publicada.

Muro de contenção

O muro de contenção, localizado em São Gonçalo do Bação, servirá para conter a lama das barragens da Vale em caso de rompimento.

As barragens, em questão, estão em Ouro Preto. Contudo, a lama delas atingiriam Itabirito em caso de tragédia. Daí a importância da obra. Obra essa responsável pela alta dos empregos no município itabiritense.

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