Itabirito (Região Central de Minas) – Pelo menos sete vigilantes que prestaram serviços para Ferro Puro Mineração e Fazenda Arjon (empreendimentos do Grupo Avante), por meses ou anos, foram dispensados, mas não receberam as rescisões de seus contratos (que incluem direitos trabalhistas, como o pagamento do mês de fevereiro, horas extras, férias e 13º proporcionais).
Informações dão conta de que entre 20 a 25 outros profissionais da área serão dispensados neste mês de março e deverão ficar em situação semelhante.
Segundo um dos trabalhadores prejudicados, os valores devidos variam de R$ 7 mil a R$ 40 mil, dependo do tempo de serviço. Há funcionário, por exemplo, que chegou a completar três anos de casa.
Esses profissionais prestavam serviço por meio da empresa Uno Vigilância e Segurança, com sede em Contagem (Região Metropolitana de Belo Horizonte). E a Uno era contratada da Ferro Puro e da Fazenda Arjon.
Ainda de acordo com essa fonte, a Uno já estava dando sinais de que não estava em boa situação financeira quando atrasou o pagamento do último 13º salário. Mesmo assim, continuava prestando serviço para o Grupo Avante.
Um segundo profissional, que também foi dispensado pela Uno, acredita que alguns desses vigilantes prejudicados devem ser contratados pela empresa “Souza Lima – Segurança Patrimonial”, que assumirá os serviços ao menos na Ferro Puro.
“Quem for contratado pela Souza Lima, mesmo que fique sem receber seus direitos, provavelmente, não vai levar o caso pra Justiça (…). A Uno e a Ferro Puro não estão nem aí! Não respondem mensagens. Nem visualizam. Tenho conta pra pagar, empréstimo, aluguel. Se não entrarmos em acordo, vou levar o meu caso na Justiça do Trabalho”, disse a segunda fonte ouvida pelo site.
Veja também: Em nota, Ferro Puro diz que exigirá de terceirizada o cumprimento de obrigações legais
Áudios
O Radar Geral teve acesso a áudios e mensagens enviados à gerente da Uno, ao gerente a fazenda e até ao proprietário da Ferro Puro, empresário João Paulo Santos Cavalcanti, por meio dos quais são relatadas as dificuldades dos chefes de família diante da situação.
Um dos reclamantes chegou a ouvir que os diretos deles devem ser reivindicados na Justiça.
O que dizem especialistas
Advogados consultados pela reportagem confirmam que, neste caso, a Uno, a Fazenda Arjon e a Ferro Puro devem responder judicialmente. “A empresa contratante é responsável pela fiscalização da contratada e os funcionários prejudicados, neste caso, devem levar tanto a contratante quanto a contratada à Justiça”, disse um dos advogados.
A startup Contabilizei, em seu site, informou que: “Pela nova lei de terceirização, empresa contratante responde de forma subsidiária na Justiça. O que equivale a dizer que, ambas as empresas continuam responsáveis por eventuais débitos trabalhistas, mas primeiramente será feita a cobrança da terceirizada. E então, havendo impossibilidade de pagamento, a contratante será responsabilizada de forma subsidiária”.
Outro lado
O Radar Geral está em contato, por telefone e e-mail, com a Comunicação da Ferro Puro na perspectiva de resposta para a situação.
Contato também foi feito com encarregado da Arjon, que ficou de repassar a demanda para o gerente da fazenda. Gerente esse que a reportagem está ligando, mas sem sucesso em todas as tentativas.
Ainda por meio de ligações para dois números, o Radar não está conseguindo falar com a Uno Segurança e Vigilância. Inclusive um e-mail e uma mensagem via site da empresa foram enviados e a Redação aguarda retorno.
Para finalizar, o Radar ainda mandou mensagem, via WhatsApp, para o proprietário da Ferro Puro e Fazenda Arjon, com perguntas sobre o assunto.
Leia desdobramento do assunto:
Em nota, Ferro Puro diz que exigirá de terceirizada o cumprimento de obrigações legais
[…] Itabirito: terceirizada da Ferro Puro e Fazenda Arjon dispensa vigilantes sem pagar rescisões […]
[…] Em contato com Radar Geral, a Comunicação da Ferro Puro emitiu, nesta terça-feira (1º/3), uma nota a respeito da situação dos vigilantes que estavam trabalhando na empresa. […]
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