Dona Irene Jerônimo, uma guerreira. Foto - Arquivo pessoal
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Itabirito (Região Central de Minas) – A Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Itabirito (Ascito) está funcionando com o portão fechado. Isso porque a “família Ascito” está de luto pela morte de dona Irene Jerônimo (de 77 anos).

Ela morreu, no domingo (1º/8), vítima de complicações da Covid-19. Dona Irene estava na UTI de um hospital de Betim (Grande BH). Antes disso, ficou internada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) itabiritense.

Informações obtidas pelo Radar Geral dão conta de que dona Irene tomou as duas doses da vacina contra a Covid. Os membros da Ascito acreditam que ela não tinha comorbidades. Até agora, são 150 vítimas fatais do coronavírus em Itabirito.

Dona Irene tomou duas doses da vacina contra a Covid. Foto – Arquivo pessoal

Uma vida de muita luta   

Dona Irene foi uma das fundadoras da associação (juntamente com dona Lourdes). Foi também uma das pioneiras no trabalho de catar materiais recicláveis pelas ruas de Itabirito puxando uma espécie de carroça.

Além de sustentar as 20 famílias que dependem da Ascito, o trabalho de reciclagem contribui para aumentar a vida útil do aterro sanitário e gerar menos poluição (do solo, da água e do ar).

Hoje em Itabirito existe também a associação Reciclar, mas a Ascito foi a pioneira. E tudo começou a partir das donas Irene e Lourdes.      

Membros da Ascito conversaram com a reportagem sobre dona Irene. Foto – Radar Geral

Fundação da Ascito

Com o fim do lixão em Itabirito, foi dona Irene que organizou os trabalhadores (que catavam lixo no local) para formar a associação de catadores.

A Ascito foi fundada em 2 de agosto de 2002. Desde então, dona Irene sempre foi a tesoureira. “Ela era companheira, amiga e parceira” disse emocionada Erotídila Santos Fernandes (conhecida como Tidinha), presidente da Ascito.

Cartazes no portão fechado da Ascito. Trabalhadores da associação já estão atuando normalmente. Foto – Radar Geral

Dona Irene era também cruzeirense. “Meu time apanhou hoje”, dizia ela quando seu time do coração era derrotado.

“Ela era ótima avó, ótima mãe e ótima companheira de trabalho”, recordou a jovem Dayane Cristina, fiscal da Ascito.   

A presidente Tidinha ainda disse que dona Irene era admiradora do prefeito Orlando Caldeira (Cidadania) e do ex-prefeito Manoel da Mota Neto. “Não fala mal do meu baixinho!”, dizia Irene quando alguém fazia alguma crítica ao prefeito.

Tidinha não sabe quem substituirá dona Irene na função de tesoureira. “Estamos sem cabeça para resolver isso. Vamos fazer uma assembleia e resolver com a doutora (advogada) Cláudia”, disse a presidente, que salientou: “A Irene era perfeita no cargo”.

Vitória

Dona Irene Jerônimo teve três filhas: Creusa, Juninha e Patrícia. Esta última morreu há cerca de três anos. Patrícia era companheira do combatente da Brigada e ex-vereador, Veirlâneo Branco, com quem teve uma filha.

Inclusive a filha de Patrícia e Veirlâneo, criada por dona Irene, entrou recentemente para a faculdade de medicina. “Eu nunca deixei de prestar assistência para minha filha, mas admito que dona Irene foi mãe e avó de seus cinco netos. Era uma pessoa fantástica”, disse Veirlâneo em depoimento ao Radar Geral.

Matéria revisada às 19h51 de 3/8/2021.

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