Em entrevista ao Radar Geral na noite desta quarta-feira (7/7), o secretário Municipal de Saúde, doutor Marco Antônio Félix, sinalizou com a possibilidade de retorno das aulas presenciais na rede municipal de Itabirito (Região Central de Minas) ainda em agosto deste ano. “Não está faltando nada (para voltas às aulas presenciais). Que isso ocorra o mais rápido possível, oferecendo a segurança que se faz necessária neste momento (…). A perspectiva é que a gente possa voltar agora na segunda quinzena de agosto”, disse o secretário após ser ouvido durante cerca de 4h pela comissão de vereadores, nomeada pelo presidente da Câmara, que investiga situações referentes à vacinação contra a Covid no município.
O Comitê Municipal de Saúde se reunirá (como acontece toda a semana) na tarde desta quinta-feira (8/7) para discutir também o retorno das atividades escolares presenciais tendo em vista cuidados sanitários.
Em conversa com o Radar Geral, nesta quarta-feira, a secretária Municipal de Educação, Iracema Mapa, salientou que cada escola de Itabirito está com seu plano para retomar as atividades presenciais, o que leva em conta a quantidade de alunos e o espaço físico.
Segundo ela, uma pesquisa feita pela Secretaria Municipal de Educação aponta que 53% dos pais em Itabirito querem a retomada das atividades presenciais, e 47% discordam.
A secretária disse que a possível retomada das aulas presenciais tem a ver com decisões da área de Saúde. Segundo Iracema, a Superintendência Regional de Ensino (que fica em Ouro Preto) deixou a critério dos municípios da Região dos Inconfidentes a decisão pela retomada ou não.
O Radar ligou cinco vezes para a sede da superintendência na manhã desta quinta-feira, contudo, ninguém atendeu ao telefone.
Nas escolas estaduais, o retorno dos estudantes será no dia 12/7. (Leia mais sobre a retomada no estado no fim desta matéria).
É possível
Para o presidente do Conselho Municipal de Educação, Eduardo Barbosa, há condições para o retorno com segurança das aulas presenciais. “Itabirito vem fazendo o que precisa ser feito para garantir que as melhores práticas, condutas e medidas de controle estejam à disposição de toda a comunidade escolar para o retorno seguro das aulas presenciais”, disse Eduardo, que também é engenheiro especializado em segurança do trabalho.
Ele afirma que Conselho de Educação não participa diretamente da decisão de retorno (ou não) das aulas em Itabirito. “Mas estamos acompanhando de perto e cobrando coerência da administração municipal em todo processo. A emissão do decreto com as regras sobre a volta, ou não, das aulas, além de ser um ato administrativo complexo, é uma decisão política extremamente difícil que o prefeito Orlando Caldeira terá que tomar”, afirmou.
Para o presidente, há muitas questões envolvidas que tentam impedir a retomada. “Muitas variáveis técnicas, sociais e políticas estão envolvidas, desde a pressão por parte de gestores de cidades vizinhas, que, diferentemente de Itabirito, estão demonstrando muita lentidão na execução do ‘dever de casa’, que é a preparação das suas respectivas estruturas para a volta gradual das aulas presenciais, passando por questões internas da Prefeitura, tal como a latente incerteza da Secretaria Municipal de Saúde em relação aos meios de ação e decisão para o controle da pandemia, bem como a forte pressão do grupo político de oposição ao atual governo municipal, de parte dos sindicatos de servidores e de pessoas que ainda não se sentem seguras nem sequer para a volta lenta e gradual dos estudantes às salas de aula”, disse.
Contra
O professor de História, membro da diretoria da subsede Ouro Preto do SIND-UTE/MG e conselheiro de Educação em Itabirito, Thiago de Lima Toledo, discorda da retomada no cenário atual.
“A discussão do retorno às atividades presenciais, nas escolas em Itabirito, está em evidência após a determinação controversa do Governo de Minas Gerais, que autorizou o retorno mesmo na onda vermelha, critério de risco elevado presente no Minas Consciente, protocolo elaborado pelo próprio governo. Embora alguns segmentos atestem de que existem condições seguras, essa percepção não é uniforme dentro da comunidade escolar. Muitos trabalhadores, pais, estudantes e outros envolvidos no retorno das atividades presenciais defendem que o retorno aconteça após a aplicação da segunda dose da vacina, garantindo assim maior segurança para todos os diretamente envolvidos e para os seus familiares”, disse o professor.
Thiago Toledo salienta que Itabirito tem apresentado números de infectados e de óbitos acima das cidades vizinhas. “O cenário, embora apresente melhora recente, ainda demanda muita cautela e, por mais necessário que seja o retorno das atividades presenciais, não podemos experimentar o risco com a vida de outras pessoas se já existe uma vacina disponível. O que deve acontecer é um processo de vacinação mais rápido. Itabirito tem ficado para trás inclusive nesse aspecto, com cidades vizinhas vacinando faixas de idade bem menores do que na nossa cidade”, acredita.
Por sua vez, o professor de História em Itabirito, Sérgio Recepute Gouvêa Filho, afirma que à medida que a vacinação avança, tanto os profissionais quanto as famílias passam a ver uma luz no fim do túnel. “No entanto, é preciso paciência, pois sabemos que a imunização só é completa após a segunda dose e que é necessário um percentual alto de vacinação na população para haver um mínimo de segurança. Dizer ‘vamos torcer para dar certo’ é perigoso, não é um jogo de futebol ou uma loteria, são vidas que estão em risco”, salientou.
No estado de Minas Gerais…
A retomada das atividades presenciais nas escolas estaduais se dá em três cenários. O primeiro, em escolas localizadas em municípios em onda vermelha do plano Minas Consciente e que não há impedimento por parte das prefeituras. Nesses locais, está autorizado o retorno das atividades nos anos iniciais do ensino fundamental – 1º ao 5º ano.
Também há as unidades em que a retomada dos anos iniciais do ensino fundamental já foi possível porque elas estavam nas ondas amarela ou verde. Elas começam, agora, o acolhimento aos professores do 9º ano do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio.
Por fim, o terceiro cenário é dos municípios que estavam em onda vermelha, antes desta alteração, e que, portanto, ainda não fizeram a retomada, mas que agora evoluíram para as ondas amarela ou verde. Nesses casos, as unidades de ensino ficam autorizadas a começar o acolhimento dos anos iniciais, do 9º ano do ensino fundamental, e também do 3º ano do ensino médio. Sempre começando com o recebimento dos professores e, na semana seguinte, a partir de 12 de julho, dos estudantes.
Ensino híbrido
No modelo de ensino híbrido implementado pela Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) há alternância entre o atendimento presencial e o remoto. Os estudantes participam de atividades na escola em uma semana e, na seguinte, as unidades de ensino não têm atividades presenciais. Com isso, os professores fazem o atendimento pelo aplicativo Conexão Escola. Já na outra semana, as atividades voltam a ser presenciais – e assim por diante.
Segundo a SEE, todas as escolas aplicaram um criterioso checklist para cumprimento dos protocolos sanitários, garantindo o distanciamento necessário, os cuidados com a limpeza do local e a disponibilização de itens de proteção individual, limpeza e higiene.
Ainda de acordo com a SEE, mesmo com as atividades presenciais, o Regime de Estudo não Presencial continua sendo oferecido aos alunos.
A partir do intertítulo “No estado de Minas Gerais…”, o texto pertence à Agência Minas.