Casa a centímetros do limite do penhasco. Foto - Romeu Arcanjo - Radar Geral
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Pâmela Grasiela Santos (35) estava dormindo quando ouviu um estrondo que balançou a casa simples onde mora. “Deus, protege nossa casa. Põe seus anjos para nos proteger, senhor”, pediu ela. “Achei que era alguém tentando invadir”, disse.

Pâmela, com seu filho mais novo, em frente à casa fechada onde morava o seu pai (que hoje está no asilo). A casa dela é a de cima. Foto – Radar Geral

Ela estava enganada. O problema era o barranco que fica detrás do imóvel. Há anos, o bloco de terra se desfaz aos poucos. Contudo, na madrugada de 18/8 para 19/8, momento do estrondo, a situação ganhou status de emergência. “Não foram as chuvas, foi um cano que estourou”, garantiu.

Atualmente, a casa apresenta novas trincas e está a centímetros do penhasco que se formou – de aproximadamente cinco metros de altura.   

Pâmela disse que relata a situação do barranco à Secretaria de Assistência Social da Prefeitura desde os tempos do prefeito Juninho. Todavia, de acordo com ela, no dia 21/8/2020 foi a primeira vez que ela protocolou um pedido de providência. Ela clama por uma intervenção definitiva, ou seja, a construção de um muro de arrimo.

Vida difícil

Pâmela é mãe solteira com seis filhos. Todos moram com ela. Três meses, um ano, dois anos, sete anos, nove anos e 15 anos são as idades de seus filhos. Ela ainda cuida de mais dois sobrinhos: de 10 e de oito anos. Ou seja, ao todo, ficam na casa, durante o dia, oito crianças.

Trata-se de um lar de pobreza evidente. Contudo, as crianças parecem saudáveis. “Não quero que tirem meus filhos de mim. Eles são a minha vida. Frequentam a igreja comigo. Agora, por causa da pandemia, eles não estão estudando. Mas todos eles estudam ou frequentam a creche. Sou exemplo para eles. Não trago homem para dentro de casa. Não frequento bares, não bebo, não uso drogas. Há sete anos, estou limpa (sem usar entorpecentes). Se precisar provar, posso até fazer um exame toxicológico”, disse ela.

Casa de Pâmela em cima, e a casa (fechada) de baixo em que morava o pai dela. O mato tapa o barranco. Foto – Radar Geral

Atualmente, ela vive por meio do Auxílio Emergencial do governo federal. Situação que melhorou um pouco uma vez que antes ela ganhava menos com o Bolsa Família.

Os três pais dos seus filhos estão na seguinte situação: o do mais novo está em uma clínica de reabilitação. Outro mora em Caeté (MG) e “ajuda como pode”, disse ela. “Tem mês que ele me dá 40 reais, tem mês que ele me dá 20 reais, tem mês que traz um frango”, relatou.

O terceiro pai está morto. Este, pelo menos, deixou uma pensão de cerca de 600 reais para o adolescente de 15 anos. “Esse dinheiro, ele gasta com as coisas dele, mas quando a gente pede, ele ajuda de vez em quando”, afirmou Pâmela, salientando que a pensão será encerrada quando o filho completar 18 anos.

Detalhes do problema. Foto – Radar Geral

Associada à pobreza, Pâmela enfrenta problemas de saúde. “Tenho um nódulo na tireoide e um cisto imenso no ovário”, disse ela exibindo a papelada de procedimentos médicos.

Entretanto, todas as dificuldades ganham dimensão inferior ao atual problema ainda maior: o barranco que coloca em risco sua casa.

A Defesa Civil de Itabirito colocou uma lona para minimizar a situação (e até ajudou doando mantimentos).      

Na versão dela, a Prefeitura se dispôs a ajudar doando areia, brita, sacos de cimento e pedra. Contudo, ainda de acordo com Pâmela, a mão de obra, bloco e ferragem teriam de ser arcados por ela.

A conquista do terreno, onde está o imóvel, é resultado de invasão. Contudo, ela mora há 20 anos no local e recentemente paga 300 reais por mês para legalizar sua casa.

Resposta do município

A Defesa Civil informou que o problema se deu por causa da água que escorria da cozinha. Isso fez que com que o barranco cedesse com o passar do tempo.   

Informou também que os materiais “solicitados por ela” foram deferidos (obtiveram autorização para a entrega). Falta a empresa responsável entregá-los à Prefeitura. A previsão é que na próxima semana sejam repassados a ela.

O órgão confirmou que a Prefeitura segue o padrão e não disponibiliza mão de obra nem sequer ferragens.

Pedido protocolado na Prefeitura: “Pede-se urgência”. Foto-Radar Geral

A Defesa Civil salientou que se a situação piorar, os moradores terão de deixar o imóvel (sendo assim, a Prefeitura deve disponibilizar outra moradia para a família).

Por sua vez, a Prefeitura informou que a Secretaria de Assistência Social foi acionada pela Defesa Civil. Por causa disso, a assistente social realizou uma visita domiciliar.

Houve também, segundo a administração municipal, uma análise no local feita por um engenheiro. A Comunicação da Prefeitura confirmou que o material será entregue em breve.

“De posse de parte do material, como vou arcar com o restante das despesas para a construção do muro?”, questionou Pâmela.  

Nota da Redação: quem puder ajudar, o endereço é Rua 6, número 256, bairro Country, Itabirito. Telefone (somente WhatsApp): (31) 9 9614-4716.

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