Luiz passará por cirurgia no Hospital João XXIII, em BH. Foto - Google Maps - Reprodução
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Itabirito (Região Central de Minas) – “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. Para quem é cristão, esse ensinamento que está no Evangelho segundo João cai como luva na situação vivida pela mãe de Luiz – rapaz, de 20 anos, que é um dos autores do assalto ao Restaurante e Pizzaria 4 Estações, que aconteceu na madrugada desta segunda-feira (15/8). O vigia do estabelecimento afirmou que foi ameaçado. Por isso disparou contra os assaltantes.

Em depoimento ao Radar Geral, a mãe (de 47 anos), chorando muito, disse que sabe que o filho cometeu um erro e que ele terá de pagar por isso. Contudo, a situação dele, que agora está no Hospital João XXIII (com uma bala alojada no tórax), e a reação das redes sociais trazem dor imensurável a ela.

“Ele chegou de madrugada em casa sem chamar ninguém. Mas o irmão percebeu que havia alguma coisa errada. Então, Luiz ferido pediu para o irmão chamar a ambulância, e pediu também para não me contar”, relatou ela.

A mãe afirmou que é a primeira vez que Luiz se envolve em uma situação desse tipo. “Tem muito bandido no mundo, mas ele não é bandido. Tem a cabeça fraca, não é normal e é facilmente influenciável. Garanto isso a você. Já fez tratamento no Caps. Ficou internado um ano em uma clínica, mas não adiantou”, lamentou ela.

Conforme a Polícia Militar, os autores do roubo não estavam armados.

Dor da família

Não é ser piegas afirmar que mães, na maioria das vezes, dão a vida pelo filho e não são cúmplices dos crimes deles. “Família de bandido, como muitos falam, não é bandida. Tem pai, mãe, avó e irmãos. Todos sofrem!”, disse.

Ela deu a entender que de todos os comentários nas redes sociais, os que mais machucam são os que usam a frase feita: “bandido bom é bandido morto!”. “As palavras doem no coração da gente. Ele não é um menino agressivo. Não é do tipo que tem coragem de matar ou estuprar. Todos que o conhecem sabem disso! A gente faz o que pode por ele. Luiz não conseguiu completar a 3ª série na escola. Mas como eu sempre falo: ‘se juntou a más companhias que o chamam para fazer coisas erradas, como usar droga, e ele vai!'”, afirmou ela.

A mãe salientou que Luiz é usuário somente de maconha. “Não usa crack nem cocaína, mas tem a cabeça fraca e acaba se envolvendo em coisas erradas”, acredita.

A mãe é separada do marido, vive com três de seus filhos, mas afirma que o pai de Luiz é presente. “Meu filho estava trabalhando com o pai, fazendo bicos de pedreiro, trabalhou na Feira do Livro (que estava acontecendo em Itabirito). E estava à procura de emprego fixo”, disse a mãe.

Estado de saúde

Luiz foi levado para o João XXIII na manhã de hoje.

Ela afirmou que não conhece o outro envolvido, de nome Salvador Batista (de 28 anos), que também foi baleado (no ombro) pelo vigia. “Eu o vi na UPA, mas não sei quem ele é”, garantiu.

Salvador também está no João XXIII. Os dois autores estão sob vigilância policial.

A mãe ainda disse que não tem ideia de quem seja o terceiro envolvido, que (de acordo com a reportagem do G1) teria fugido.

Na esperança de que Luiz fique bem, quando seu filho voltar para a casa, a mãe deixou claro que ele será novamente internado em uma clínica de recuperação.

João XXIII

Às 14h, Luiz ainda não havia dado entrada no bloco cirúrgico. A mãe, inconsolável, está a caminho do hospital. “De manhã, não me deixaram entrar (no João XXIII) para ‘ver ele’. Sem dinheiro e com meu celular descarregando, voltei para Itabirito na ambulância”, relatou ela.

Sendo assim, ela não soube informar se o estado de saúde de Luiz é grave.    

Nota da Redação do Radar Geral

Não existe, por parte do Radar Geral, nenhuma intenção de defender quem quer que seja, nem sequer de condenar o vigia – que estava trabalhando.

O objetivo da reportagem é simplesmente ouvir todos os lados da história. Lados esses que estão dispostos a falar.

No caso desta mãe em específico, mesmo sabendo que alguns internautas não entenderão sua dor, ela optou por se expressar.

O Radar Geral ainda não conseguiu saber se os autores baleados já tinham passagem pela polícia.

A Redação pode ser contatada pelo telefone: (31) 9 8798-5664.

Leia também (clique aqui): Itabirito: vigia do Restaurante 4 Estações baleia 2 assaltantes, que vão parar no João XXIII

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