Os homens que incendiaram o ônibus no Balneário Água Limpa, em Itabirito (Região Central de Minas), no fim da tarde de terça-feira (14/2), deixaram um recado escrito em um papel: “Presídio de Formiga estão dando comida azeda (…)”, diz o início do texto. O bilhete foi entregue ao motorista. Contudo, a população local desconfia que seja uma tentativa de desviar a atenção das autoridades.
Para os habitantes da comunidade, o fogo foi colocado por moradores locais revoltados com a péssima situação das estradas e a má qualidade do único transporte coletivo disponível no Água Limpa (com exceção do escolar).
Para se ter uma ideia da precaridade do sistema de transporte público na localidade (onde moram cerca de 3 mil famílias), não há nem sequer coletivo do Água Limpa para o distrito sede de Itabirito.
O ônibus destruído faz a linha Água Limpa – BH (a única que atende a população local).
Bilhete, fogo, Ibiritê
Um bilhete reivindicando melhores condições no Presídio de Formiga foi deixado também em Ibirité (Região Metropolitana de BH) após criminosos colocarem fogo em um ônibus na madrugada de 17/1.
“Começamos por BH e vamos queimando de cidade em cidade até chegar em Formiga. E, quando chegarmos lá, vamos acabar com a cidade”, dizia o bilhete.
O texto reclama de maus-tratos nas unidades prisionais do Estado, mas citam, em especial, a unidade de Formiga, dizendo que os detentos e suas famílias estão sendo maltratados. “Nossas famílias ‘tão’ sendo maltratadas, e nós presos estamos sofrendo uma covardia e vivendo de um jeito desumano, único jeito de chamar a atenção de órgãos maiores foi essa, pois somos trancados aqui em Formiga e esquecem que somos gente”, salientou o recado.
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