Manifestantes em Itabirito - Foto enviada via WhatsApp
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Na tarde desta terça-feira (12), dezenas de manifestantes se concentraram em frente à escadaria de acesso à Prefeitura de Itabirito. Eles pedem a reabertura do comércio no município. “Ah, ah, ah, queremos trabalhar!” e “Cadê o prefeito?!”, foram alguns dos gritos entoados pelos protestantes.

Parte do grupo que estava na porta da Prefeitura saiu em protesto pelas ruas. Essa reabertura, segundo os manifestantes, levaria em conta o distanciamento, controle de filas, uso de máscaras, álcool em gel.

Os protestantes são donos e funcionários do comércio que precisam pagar suas contas. Calcula-se que 50% dos 2.600 empregos (dado de 2018) gerados pelo comércio de Itabirito estejam comprometidos com a atual paralisação que se dá por causa da Onda Vermelha – a mais restritiva do Plano Minas Consciente (do Governo do Estado).

O plano estadual foi feito para que haja a retomada da economia em tempos de pandemia, e foi aderido por Itabirito por determinação da Justiça.

Bancos, supermercados e fiscalização

As aglomerações geradas em bancos e supermercados são motivos de questionamento por parte dos lojistas. “Por que os supermercados não podem trabalhar com delivery? E por que os bancos não podem trabalhar com agendamento?”, disse Andreza da Silva Queiroz, da rede de lojas Império (que atua em vários segmentos).

Ela contou um fato que aconteceu recentemente envolvendo a fiscalização do município. “Estávamos em nossa loja de roupas com a porta de vidro fechada, atendendo por meio do WhatsApp, quando o fiscal da Prefeitura disse que deveríamos fechar, inclusive, a porta de aço. Como vou trabalhar, mesmo via WhastApp, dessa forma? Estava com a loja fechada para o público que vinha da rua, mas preciso de funcionários para atender os pedidos, para organizar o estoque. A loja estava fechada, mas eu não podia ficar em casa uma vez que havia demanda”, disse a comerciante.

Questionamentos a respeito das comemorações pós-resultado eleitoral foram feitos pelos manifestantes. “A mesma guarda (civil municipal) que fechou a rua para a comemoração do resultado da eleição, colabora nas ações de fechamento do comércio”, lamentou Andreza.

Segundo os manifestantes, o protesto desta terça é sensível com o sofrimento das pessoas que tiveram entes mortos pela Covid-19. “Nossa cidade é pequena. Somos todos próximos”, disse Andreza. Contudo, ela enfatiza: “o que foi feito para que não houvesse a escassez de leitos (de hospitais)? A segunda onda já estava prevista. Na primeira onda, a gente entende que fomos pegos de surpresa. Mas desta vez, era preciso um planejamento para que os comerciantes não tivessem de passar por esta atual situação”.

Usando máscaras na manifestação, os protestantes tentaram conversar com o prefeito.

CDL de Itabirito

A Câmara de Dirigentes Lojista de Itabirito (CDL) respondeu, por e-mail, aos questionamentos do Radar Geral, confira:

A CDL Itabirito concorda com a manifestação que pede a reabertura do comércio?

A diretoria da CDL reitera mais uma vez que é contraria ao fechamento do comércio local. Sabemos do direito às manifestações públicas, mas como todos sabem, estamos no Programa Minas Consciente dentro da Onda Vermelha e que não podemos aglomerar. A entidade segue buscando o diálogo com o Município para chegarmos à melhor alternativa para o funcionamento do comércio local.

Cuidados precisam ser tomados. Como seria essa reabertura?

Desde o início da pandemia, a CDL vem dando ampla divulgação por meio de campanhas vinculadas nas redes sociais, carros de som, sites e rádios locais, também disponibilizamos materiais de comunicação que foram utilizados nos estabelecimentos comerciais, informando sobre os protocolos sanitários de prevenção à Covid-19. Não existe nenhuma comprovação que o comércio seja responsável pelo aumento dos números de casos confirmados em nosso município. Pelo contrário, o principal propagador da doença neste momento são as aglomerações que não respeitam as medidas de segurança.

Como empregos e serviços estão sendo prejudicados em Itabirito?

Os dados mais recentes divulgados pelo Caged apontam que só no comércio foram desligados mais de 1.100 postos de trabalho em 2020 (em Itabirito). E acreditamos que este número deve aumentar este ano porque ao contrário do que aconteceu no ano passado, não existe até o momento nenhum programa ou incentivo por parte do Governo Federal.

Que tipo de medida poderia ser tomada pelas autoridades (ou deixou de ser tomadas) para se evitar o fechamento atual?

A manutenção do comércio aberto e preservação das vidas dependem da participação de todos, seguindo as medidas de segurança como uso correto da máscara, higienização das mãos e evitando as aglomerações. Estamos vendo o número de casos aumentarem em todo o país, sobrecarregando o sistema de saúde, por isso precisamos de políticas públicas com maior investimento na área da saúde, com aumento no número de leitos de UTI. Na parte econômica, precisamos de programas de apoio aos empresários, para reduzir os impactos econômicos da pandemia do Covid-19, como redução de impostos, e as medidas trabalhistas criadas pelo Governo Federal para manutenção dos postos de trabalho.

Se os senhores (da CDL) fossem o prefeito, o que fariam?

A diretoria da CDL acredita sempre no diálogo. Essa é a postura que a entidade vem adotando deste o inicio da pandemia. Participamos efetivamente do Comitê de Crise Covid-19 com as secretarias Municipais de Saúde, Desenvolvimento Econômico, Meio Ambiente, Câmara Municipal, juntamente com as entidades Adesiap, Sincovita e ACE Itabirito. Por isso, reforçamos com os empresários a nossa participação e atuação dentro de nossas atribuições estatutária e com respaldo jurídico.

Resposta da Prefeitura

Em nota, a Prefeitura de Itabirito disse que “entende que as manifestações de comerciantes em prol da reabertura do comércio local, desde que realizadas sem aglomerações e de forma pacífica, são legítimas. Ressaltando o diálogo aberto com os comerciantes, incluindo várias reuniões entre o prefeito e representantes do segmento, a Prefeitura esclarece ainda que o fechamento das atividades não essenciais atende a uma determinação do Governo do Estado de Minas Gerais, por meio do Plano Minas Consciente, em razão da regressão da região Centro para a Onda Vermelha. Vale lembrar que Itabirito aderiu ao Plano Minas Consciente, do Governo do Estado, por determinação judicial”.

Veja a seguir fotos enviadas por internautas:

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