Escolas Municipais de Itabirito. Imagens - Reproduções
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O decreto do prefeito de Itabirito Orlando Caldeira (Cidadania), de 17 de fevereiro de 2020, determina que professores da rede municipal de ensino voltem para as escolas em 8 de março. Até então, aulas estão sendo ministradas de forma on-line. Contudo, pelo decreto, ainda não há data definida para o retorno dos alunos.

A informação conseguida pelo Radar Geral na Secretaria Municipal de Educação é que “o retorno é apenas para os profissionais da Educação, no intuito de se organizarem, planejarem e estruturarem para o futuro retorno dos alunos”.

Professor de História na Escola Municipal José Ferreira Bastos, Sérgio Recepute Gouvêa Filho. Foto – Divulgação

De um lado, muitos pais torcem pelo retorno das aulas. Por outro lado, professores da rede municipal não querem voltar sem estarem imunizados. Ou seja, o decreto, não atende a nenhum dos dois grupos.

“Nossa proposta, por enquanto, à frente da crítica ao decreto é que ele seja revogado (anulado os efeitos)”, disse o membro do Sindicato dos Servidores Públicos de Itabirito e representante da Comissão de Educação do Sindicato, o professor de História na Escola Municipal José Ferreira Bastos, Sérgio Recepute Gouvêa Filho.

Segundo ele, é erro supor que os professores querem ser privilégiados em detrimento de outros profissionais que já voltaram ao trabalho. “Os professores trabalharam durante todo o ano de 2020, e já começaram a trabalhar em 2021”.

Em nota oficial, a Prefeitura de Itabirito informou que “o ano letivo da rede municipal de ensino terá início no dia 8 de março, mediante atividades não presenciais, e seguirá as determinações do Governo do Estado de Minas Gerais, conforme os protocolos sanitários do Plano Minas Consciente e as diretrizes administrativas e pedagógicas da Secretaria de Estado da Educação”.

Há, de fato, grandes riscos no retorno das aulas?

Mesmo sem a imunização para alunos, professores e outros funcionários das escolas, em entrevista ao jornal Estado de Minas, a médica infectologista e mestra em saúde pública Luana Araújo defende a volta das aulas.

Em entrevista, ela explica que as crianças têm uma transmissibilidade muito pequena. Além disso, a chance de serem contaminadas e entrarem em estado grave ou assintomático é muito menor. Ou seja, ir até as escolas não faz delas vetores para a doença.

“Ao observar lugares onde as aulas não foram suspensas, ou que já voltaram ao normal, percebemos que não houve impacto na curva da pandemia por conta da volta presencial. Mesmo que tivesse uma dúvida teórica, percebemos que na prática isso não acontece”, afirmou a médica. “É óbvio que é preciso ensinar as crianças a seguirem os devidos protocolos. Mas isso não é motivo para as escolas seguirem fechadas”, completou a doutora.

Para o professor Sérgio Recepute, a informação divulgada pelo Estado de Minas “é desconectada do contexto global que vivemos, e acaba sendo tendenciosa. No entanto, vale a reflexão. Será que as crianças vivem isoladas? Qual a realidade das famílias em nossa cidade? Penso que no caso de muitas delas existe o convívio domiciliar da criança com avós ou mesmo um parente com comorbidades. Essa é a realidade de muitas famílias. Outro ponto fundamental é que o assintomático também transmite a doença. A criança não vive isolada, ela vive em um contexto social”.

Pela determinação da Prefeitura itabiritense, os professores dos grupos de risco não precisarão voltar. “No entanto, o decreto é coercitivo e visa punir aqueles que não se dispuserem a algumas metodologias do ensino remoto como a videoaula”, disse Sérgio Recepute.

O Radar Geral, em um segundo momento, fez mais perguntas ao professor. Todavia ele disse que não falaria mais a respeito do assunto uma vez que o professorado está tentando se reunir com a Secretaria Municipal de Educação para tratar a respeito da situação.

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