Imagem de detalhe do corpo da cadela já morta no local em que ela foi deixada por Ruggio. Foto - Divulgação
Meplo
RADAR GERAL - 970x250px
Compartilhe:

Itabirito (Região Central de Minas) – Na manhã deste domingo (13/6), o empresário Leonardo Ruggio (65), dono do Museu Jeca Tatu (que fica às margens da BR-356), envolveu-se em uma polêmica ao arrastar pela BR uma cadela amarrada pelas patas com uma corda. O animal estava sendo puxado pelo Volkswagen Fusca dirigido por Ruggio. “Ela já estava morta, em putrefação e fedendo. Eu só queria colocá-la em um local para ser comida por urubus”, disse ele em entrevista ao Radar Geral.

Ruggio deixou a cadela, segundo ele, a 300 metros de seu estabelecimento, na própria BR. Ele foi denunciado por testemunhas que presenciaram a cena. Ruggio foi conduzido à Delegacia de Ouro Preto pela Guarda Civil Municipal de Itabirito. Por meio de videoconferência, o delegado responsável pelo caso (de Vespasiano – MG) o liberou após ouvi-lo. “Seria crime inafiançável se o cão estivesse vivo”, disse um policial civil de Ouro Preto, que pediu para não ser identificado. Para esse policial, o caso ganhou repercussão exagerada.

A situação, de fato, repercutiu muito nas redes sociais. “Então, (um cachorro) morto pode ser esfolado no asfalto? O que justifica isso? Por que não o enterrou?”, questionou uma internauta no Facebook.

A perícia da Polícia Civil foi chamada, mas não compareceu ao local.

“Abominável”. “Que monstro é esse?”. “Ainda bem que existe a lei do retorno. Aqui se faz, aqui se paga. E espero que ele pague com juros”. Diziam três das dezenas de comentários colocados nas redes sociais repudiando a atitude.

Outro lado

A cadela sem raça definida era chamada de Sandy, ela veio do Canil Municipal, tinha mais ou menos dois anos e foi adotada por Leonardo Ruggio há cerca de três meses. Ele acredita que a cadela tenha morrido, na sexta-feira (11/6), vítima de envenenamento. Segundo ele, corpo do animal foi achado, em putrefação, em um canto de sua propriedade, no sábado (12/6) à tarde.

Leonardo Ruggio no programa Caldeirão do Huck. Foto – Reprodução.

Ele colocou a cadela morta do outro lado da BR-356. Mesmo assim, o cheiro insuportável chegava ao seu restaurante (na área do museu). Então, no domingo, ele decidiu arrastá-la pela estrada para colocá-la em local ainda mais afastado, e assim deixar que ela fosse comida por aves carnívoras. “O fedor era grande. Eu tinha de me livrar daquele cheiro. Meu estabelecimento estava cheio de clientes. Não poderia jogar no rio porque não é certo. Não poderia enterrar porque o cadela era ‘microchipada’. Não tinha como eu colocar um cão morto apodrecendo dentro de meu carro”, alegou.

Para ele, as denunciantes têm motivo de se sentirem indignadas com a cena. “Mas elas só conhecem 10% do caso. Se elas tivessem me procurado antes da denúncia iriam ver que a cadela não estava viva (como consta na versão das denunciantes colocada na ocorrência). Jamais faria uma maldade dessas. Eu a adotei para a minha filha, que é especial. Ainda nem falei com ela que a cadela morreu”, disse.     

Nas dependências de seu estabelecimento, Leonardo mostrou ao Radar Geral o espaço onde vivia a cadela. A casinha, cobertor, água e ração ainda estavam no local. Funcionárias do Museu do Jeca Tatu disseram que ele tratava bem o animal. E segundo a ocorrência, uma funcionária do museu confirmou que a animal estava morto ao ser arrastado.  

Casinha onde vivia a cadela – com água, comida e cobertor. “A cadela não ficava presa”, disse Ruggio. Foto – Romeu Arcanjo – Radar Geral

Guarda Municipal

Ruggio fez questão que a reportagem o acompanhasse à sede da Guarda para que os GMs pudessem comprovar a versão de que o animal já estava morto. Contudo os GMs que fizeram a ocorrência não estavam no local.

A comandante da GM, Fernanda Brito, explicou que os agentes de segurança não são testemunhas, e que eles não têm condições de atestar se o cão estava morto há mais tempo.

Segundo ela, o correto (para que ele se livrasse do mau cheiro) era chamar o serviço de zoonoses para recolhimento do bicho. “Mas quando a gente chama, a zoonoses não vem. Sei disso porque sempre morre animal na BR. Uma vez, arrastei um cavalo, com uma caminhonete, para afastá-lo de meu estabelecimento”, admitiu.

Nesta segunda-feira (14/6), Leonardo Ruggio, acompanhado pela reportagem do Radar Geral, conversou com a comandante da GM, Fernanda Brito, na sede da GM em Itabirito. Foto – Romeu Arcanjo – Radar Geral

Sucesso

Ruggio é uma personalidade conhecida na região. Já foi destaque no Caldeirão do Huck e em matérias de diversos grandes veículos de imprensa. Para se ter uma ideia, seu estabelecimento já foi cenário para videoclipe da banda Jota Quest.

O museu é uma atração turística da cidade. Contudo o sucesso de seus empreendimentos não o redime de responder por atos considerados inaceitáveis. “Se for proibido arrastar animais mortos, que eu responda e que eu seja penalizado”, disse ele.       

Multa

Ruggio pode ter de pagar uma multa que varia de R$ 1.000 a pouco mais de R$ 6.000, de acordo com a Unidade Padrão Fiscal de Itabirito. Ele responderá com base no Decreto 7.632, de 2005, em seu artigo 120, que trata de situações envolvendo maus-tratos contra animais.

A cadela morta está sendo avaliada por veterinários da Prefeitura. Essa avaliação tem a intenção de averiguar a causa mortis. No âmbito da Polícia Civil, não foi caracterizado flagrante delito, e como já foi mencionado: não foi feita perícia no animal.

Ao Radar Geral, Ruggio disse que gostaria de adotar outro animal no Canil para dar à sua filha.        

Compartilhe:

2 COMENTÁRIOS

Comments are closed.