Leandro no Hospital das Clínicas da UFMG tomando a dose da vacina ou do placebo. Foto - Divulgação
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O fundador da ONG ITA LGBT de Itabirito (município da Região Central de Minas), Leandro Dias de Oliveira (45), foi escolhido para ser um dos 115 voluntários de Minas Gerais recrutados pela UFMG para o ensaio clínico randomizado duplo-cego controlado por placebo feito pela Faculdade de Medicina. O estudo testa a eficácia e segurança de vacinas contra o HIV (vírus causador da Aids). Além da UFMG, a pesquisa envolve mais sete centros de pesquisa de estudo no Brasil e cientistas de oito países.  

Leandro recebeu uma dose nesta terça-feira (4/5), no ambulatório São Vicente do Hospital das Clínicas de Belo Horizonte. Tendo em vista a metodologia, ele não sabe se tomou a vacina de fato ou um placebo (soro fisiológico).

A vacina em meio à documentação que identifica o voluntário Leandro Dias de Oliveira. Foto – Divulgação

Os voluntários, que tomarão quatro doses, estão sendo recrutados pela UFMG até julho de 2021. Trata-se de homens cisgênero ou pessoas trans que fazem sexo com homens cisgênero e/ou pessoas trans, e têm de ter entre 18 e 60 anos de idade. Cisgênero é o indivíduo que se identifica com o sexo biológico com o qual nasceu. É pré-requisito que os participantes sejam saudáveis e não podem estar infectados com HIV. Eles devem estar dispostos a fazer avaliações médicas, consultas de aconselhamento e testes regulares para o HIV.

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Na pesquisa, estão sendo testadas duas vacinas de HIV experimentais: AD26 e GP140. São experimentais porque ainda não foram aprovadas para uso geral.

Além de realizar testes no Brasil, o estudo (chamado de Mosaico) testará as vacinas em 3.800 pessoas na Argentina, Itália, México, Peru, Polônia, Espanha e Estados Unidos.

Os sorteios são aleatórios entre grupo placebo e grupo ativo (que receberá o imunizante). Apenas um comitê externo saberá em quem a vacina foi aplicada.

Segundo o site da Faculdade de Medicina da UFMG, as vacinas testadas no estudo não causam a infecção por HIV ou Aids porque utilizam apenas fragmentos do vírus. “Espera-se que quando o indivíduo vacinado for exposto ao vírus, nos contatos eventuais de aquisição do HIV, o sistema imune esteja habilitado a reconhecer e eliminá-lo antes que cause uma infecção disseminada”, informou o site.

Anos de luta

A participação de Leandro no estudo foi confirmada por integrantes do Mosaico ao Radar Geral.   

“A experiência é importante pelo fato de eu poder contribuir com o estudo de um imunizante contra o HIV. Isso dialoga muito com meu histórico de vida, de perda de muitos amigos desde Fabiano Galo a vários outros que faleceram por causa do HIV. Meu sentimento é de alegria e satisfação. Confesso que quando fiquei sabendo que estavam sendo cadastradas pessoas para participar do processo, fiquei muito motivado e esperançoso. Depois mais de 30 anos de luta e enfrentamento do HIV/Aids, a gente de fato terá uma vacina que possibilite a geração de anticorpos”, disse Leandro.

Mortes

Segundo a Unaids (programa das Nações Unidas criado em 1996 e que tem a função de criar soluções e ajudar nações no combate à Aids), mais de 349 mil pessoas morreram no Brasil por causa da doença entre 1980 e 2019.

Apesar dos tratamentos atualmente existentes capazes de impedir a multiplicação do HIV e evitar o enfraquecimento do corpo humano, só em 2018 foram registradas mais de 45 mil mortes por complicações causadas pela Aids. A não descoberta até agora da vacina tem a ver com as variações do vírus.

Interessados

Quem quiser se cadastrar para ser voluntário no estudo tem até julho deste ano.

Os candidatos devem ser homens cisgênero ou pessoas trans que fazem sexo com homens cisgênero e/ou pessoas trans. Além disso, devem ter entre 18 e 60 anos de idade, não estar infectados pelo HIV e não usar profilaxia pré-exposição (PrEP). As inscrições são feitas pelo telefone (31) 99331-3658 ou pelo e-mail ([email protected]).

A pesquisa é desenvolvida no âmbito da Rede HVTN e financiada em colaboração com a Johnson & Johnson. 

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