Dom Lourenço Lemos Câncio (65), conhecido como padre Lourenço, morreu nesta madrugada (27/4) por complicações decorrentes da Covid-19, em um CTI de Belo Horizonte (capital de MG).
Lourenço colaborou com o pároco Miguel Angêlo Fiorillo, por 14 anos, nas atividades dos fins de semana da Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, em Itabirito (Região Central de Minas). Os dois se revezavam em missas, batizados etc. “Grande companheiro. Uma pessoa humilde. Tínhamos uma relação de grande respeito. Homem de muita fé e muita humildade”, disse padre Miguel.
Segundo a família, o bispo Lourenço era diabético, hipertenso e há pouco tempo passou a apresentar complicações nos rins.
Vida religiosa
Lourenço foi expulso da Igreja Católica Apostólica Romana (que segue orientações do papa) após sofrer processo instaurado pela Arquidiocese de Brasília (em que Lourenço atuava como capelão militar).
O julgamento, com direito à defesa, aconteceu em Roma. O motivo da expulsão é de “foro íntimo”.
Sendo assim, Lourenço foi para a Igreja da Comunhão Anglicana Livre Internacional.
Contudo ele queria autonomia de bispo, mas precisava completar 10 anos como padre nesta instituição religiosa. “Ele dizia que não tinha tempo para esperar”, disse dom Lucas Macieira, arcebispo primaz da Comunhão Anglicana Livre Internacional.
Tal situação fez com que Lourenço fosse, em 2019, para a Igreja Católica Apostólica Carismática. Isso não o impediu de celebrar missas como pároco auxiliar no Santuário de Santo Expedito, em BH, que pertence à Comunhão Anglicana Livre Internacional (igreja que ele pediu para sair).
“Tenho noção dos perigos da doença (Covid-19), mas eu queria ver o corpo nem que fosse a uma distância de 100 metros. Vê-lo pela última vez (…). Ele era uma pessoa muito honesta, humilde e caridosa. Ele era meu primo, mas era como se fosse meu irmão. Minha mãe o criou quando ele perdeu a mãe dele aos 10 anos de idade. Aos 14 anos, ele foi para o seminário (…)”, disse a prima de Lourenço, Maria Aparecida Lemos, muito nervosa por questões relacionadas à morte de seu “irmão”.
O corpo foi sepultado no Cemitério da Paz, em Belo Horizonte. Lourenço morava em BH e era nascido em Santo Antônio do Grama (MG). Portanto a morte por Covid-19 não será registrada pelo boletim epidemiológico da Prefeitura de Itabirito.
Matéria revisada às 2h26 de 28/4/2021.