Itabirito (Região Central de Minas) – Em live, transmitida pela página da Prefeitura, no Facebook, no fim da tarde desta sexta-feira (23/4), o secretário Municipal de Saúde, o médico Marco Antônio Félix, negou que tenha havido “sumiço” de 128 doses de vacinas contra a Covid-19 no município. “Esse termo ‘doses sumiram’ não é adequado. Isso não aconteceu”, afirmou.
Segundo o secretário, houve sim “perdas técnicas” comuns em vacinações. “Em todo processo de vacinação, de aspiração (colocação da vacina na seringa), é possível que haja perdas técnicas (…). Num frasco que poderia dar 10 doses, nós temos observado que, muitas vezes, vem oito ou sete doses”, disse.
Em outro momento de sua fala, o médico explicou: “Doses perdidas no sentido de que os frascos vêm com menor quantidade que se espera”.
De acordo o secretário, isso não é exclusividade de Itabirito. “Acontece no Brasil todo, e a mídia tem noticiado”.
De fato, há denúncias desse tipo em várias partes do país:
O caso de Itabirito ganhou repercussão em veículos de comunicação da região, inclusive, na Record TV Minas. Isso após uma comissão especial, formada somente por vereadores que não fazem parte da base de apoio ao prefeito (Max Fortes -presidente, Fabinho Fonseca – vice e Dr. Edson – relator), ter levantado a questão. A comissão foi criada para investigar se houve fura-fila em Itabirito durante a vacinação contra a Covid-19.
Esses vereadores específicos, considerados não governistas, foram nomeados pelo presidente da Câmara, Léo do Social (PSDB), para “dar mais lisura e transparência ao processo”, disse Léo em inúmeras oportunidades. Lembrando que Léo é da base de apoio ao prefeito.
Na reportagem, a Record TV afirmou que foi criada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na Câmara, para investigar o caso. O que não é verdade.
O Radar Geral tentou falar com os três vereadores neste sábado (24/4), mas não conseguiu.
Notificações
O secretário garantiu que o Município, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, já fez notificações (ofícios) relatando a situação para a Referência Técnica de Imunização, que pertence à Superintendência Regional de Saúde.
Marco Antônio leu uma resposta durante a live que, segundo ele, veio do Estado: “Informamos que o Estado de Minas Gerais está ciente dessa situação. O quantitativo extra do frasco foi reduzido em 0,7 ml. Aguardamos posicionamento do Plano Nacional de Imunização (PNI)”.
O secretário disse também que encaminhou ofício à Agência Nacional de Vigilância Sanitária, mas não mencionou se houve resposta.
Plano Nacional de Imunização
Na live, Marco Antônio mencionou o PNI, que diz que as “perdas operacionais” podem ser de até 5%.
“O monitoramento e controle de consumo da vacina Covid-19 serão simultâneos à evolução da campanha de forma que o percentual de perdas operacionais, definidos com base nas características específicas da vacina, que incluem esquema de duas doses e estratégia da vacinação em modo campanha, inicialmente previsto de 5%, poderá ser redefinido de acordo com a necessidade, a cada etapa da campanha de vacinação”, informou a página 50 do PNI.
Tendo em vista esse percentual, o secretário calculou que das 9.315 aplicadas (até aquele momento), Itabirito poderia ter até 465 doses perdidas, e “não sumidas”. “Afirmar que Itabirito tem vacinas sumidas é inconcebível. A medida que vamos vacinando, o número de perdas aumenta”, explicou.
O secretário exemplificou o que aconteceu nesta quinta-feira (24/4). “Foram aplicadas 115 vacinas de primeira dose e 179 de segunda dose. Seis doses foram perdidas por questões técnicas”, disse.
Nomes repetidos na lista de vacinação
Outra situação que está sendo investigada e que ganhou repercussão é o caso dos nomes de pessoas que aparecem na lista de vacinados “em duplicidade”.
Segundo o secretário, no princípio da vacinação contra a Covid, quando acontecia um erro de digitação (de nomes, CPFs ou datas), “não era possível fazer a correção. Portanto era lançada uma nova vacina sem que isso alterasse o quantitativo. Ou seja, quando aparece o meu nome recebendo três vacinas. Na verdade, recebi duas. Ninguém recebe três ou quatro vacinas”, garantiu.
Ele afirmou que foi problema do sistema que, na ocasião, não permitia correções. “Isso está muito bem registrado e documentado”, disse.
Orlando Caldeira
Na live, o prefeito Orlando afirmou que não há fura-fila em Itabirito, e citou o caso dele como exemplo.
Ele disse que se recuperou da Covid recentemente, mas que continua se sentindo cansado. O chefe do Executivo afirmou que está esperando o momento de ser imunizado. “Vou fazer 62 anos e ainda aguardo a minha vez de ser vacinado”, garantiu.
Ministério Público
O promotor Umberto de Almeida Bizzo, do Ministério Público em Itabirito, disse ao Radar Geral que recebeu a denúncia, mandou autuar e pediu informações. Segundo ele, o caso está na 1ª Promotoria de Justiça de Itabirito – Curadoria da Saúde.
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