
ITABIRITO (MG) – Ivan de Souza Viera (31 anos), conhecido como Paulista, foi condenado a 30 anos de prisão, mais multa, pelo assassinato de Douglas David Pires (25 anos), conhecido como Dodô. Após executarem o desafeto a tiros, ele e seus comparsas (que portavam gasolina) atearam fogo no corpo e no apartamento em que a vítima foi morta.
Julgado pelo Tribunal do Júri em sessão presidida pela juíza Vânia da Conceição Pinto Borges, nesta terça (11/2), Paulista, segundo o promotor Vinícius Alcântara Galvão, deve ficar ainda mais tempo atrás das grades, haja vista que ele já foi condenado por outros crimes.

Considerado um sujeito perigoso, o réu ficou toda a sessão algemado e vigiado atentamente pela Polícia Penal – fortemente armada.
A condenação de hoje tem como base três crimes cometidos por Paulista: 1- homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima, 2 – destruição do cadáver e 3 – incêndio.
O HOMICÍDIO
5 de abril de 2021, por volta das 20h. Dodô brincava com seus filhos de criação (de 3 e 4 anos de idade) na área externa do condomínio popular onde vivia (Morada Viva, conhecido como “Predinhos”) no bairro Gutierrez.
De repente, homens encapuzados, usando armamento de uso restrito, surgem e começam a atirar em Dodô, que corre para o apartamento onde morava. Na sequência, o corpo foi queimado com gasolina. O imóvel também foi incendiado. “O moço atirou no meu pai com uma arma que funciona de verdade”, disse, após o crime, um dos filhos da vítima.
Foi dentro do apartamento que Dodô de fato foi morto com vários tiros. As investigações não definem quantos disparos exatamente o acertaram. Isso porque ele teve 91% de seu corpo carbonizado – o que fez que com as perfurações de entrada e saída provocadas pelos projéteis se perdessem. Mas sabe-se que ele foi atingido, pelo menos, no ombro, no tórax e na boca.
Segundo a polícia, “carbonizar o corpo” é uma demonstração de força de determinados grupos de criminosos.

O motivo para todos esses crimes em sequência foi a “disputa pelo tráfico de drogas no local”, informou a investigação.
PREMEDITADO
Um celular foi encontrado pela Polícia Civil numa escadaria de acesso ao apartamento incendiado.
Por meio desse aparelho, a Civil chegou a todos os envolvidos no crime: Paulista (julgado hoje), nascido em Sabará (MG). Rafael Ribeiro Rocha Barcelos, de Vespasiano (MG), condenado a 24 anos em 2022. Bruno Estevan de Souza, de BH, que está foragido.
Citando o próprio livro “Crime, Literatura e Cultura”, o promotor Vinícius Alcântara Galvão, relatou que, em mensagens para acertar detalhes do crime, os autores (referindo-se a eles próprios) usavam “insultos carinhosos”, como “safado”, “cuzão”, entre outras expressões íntimas que revelavam o quanto eles eram próximos.
Nessas mensagens, eles decidiram que as armas seriam 9 mm e ponto 40, e o carro usado para o homicídio deveria ter insulfilm.
Ainda segundo o Ministério Público, há uma mulher (que será julgada em breve) que teve participação na orquestração do crime.

DEVE FICAR MUITO TEMPO
O promotor considerou a pena justa. “Normalmente, seria algo em torno de 18 anos ou um pouco mais, mas como ele tem antecedentes criminais, a pena chegou a 30”, disse Vinícius Galvão ao Radar Geral.
Muito provavelmente, Paulista deve perder as esperanças de sair tão cedo do presídio em que já está, em Ribeirão das Neves. Isso porque ele já cumpre 30 anos (mesma pena de hoje) por assaltos em Caeté (MG) e em São Paulo.
O promotor salientou que, na prática, Paulista deve ficar bem mais que 30 anos. “Com isso, a sociedade pode ficar um pouco mais tranquila”, disse.
Lembrando que com a Lei 13.964/2019, o limite que antes era de 30 anos de prisão foi majorado para 40 anos. Alterando, assim, o artigo 75 do Código Penal Brasileiro.
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