Ouro Preto terá sua representante no concurso Miss Universo Minas Gerais. Se trata de Isadora Souza, conhecida como “Isalu”, de 21 anos. Estudante do sexto período de jornalismo na Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), a jovem divide a graduação com a modelagem.
A jovem contou ao Radar Geral um pouco de suas origens ouro-pretanas e de sua trajetória. “Eu nasci e cresci pelos morros e vielas de Ouro Preto, museu a céu aberto que traz história a cada esquina. Aqui, eu vivi envolta em cultura e arte por toda minha trajetória e me tornei poetisa ainda na infância. Posteriormente, me formei técnica administrativa e hoje construí minha carreira como jornalista”, disse Isalu.
Caso saia vencedora no Miss Universo Minas Gerais, Isalu irá disputar o Miss Brasil, maior concurso de miss no país. Se voltar a obter êxito, a modelo terá pela frente o Miss Universo, onde encontrará os principais nomes da profissão no planeta.
Isalu falou como tem sido a preparação para a disputa do Miss Universo Minas Gerais, que acontece no próximo dia 30 de abril. “Os preparativos para esse concurso tem sido bem intensos e desafiadores, principalmente com a conciliação de Universidade, estágio e o próprio concurso. Também tenho passado por alguns percalços financeiros para os preparativos, pois sou uma menina pertencente a classe baixa”, conta.
Apesar das dificuldades, a jovem conta que tem recebido suporte familiar e da Prefeitura de Ouro Preto. “Tenho tido o apoio da minha família nessa questão, e também da prefeitura da minha cidade, que foi a responsável pelo recurso financeiro que possibilitou minha inscrição no concurso. Hoje, além de estar fazendo uma vaquinha, estou em busca de apoiadores e parceiros nesse projeto”, explica Isadora.
Isalu trabalha como modelo e em um estágio, estuda e ainda consegue arrumar tempo para ficar perto de seus amigos e familiares. E por falar em família, a jovem tem um irmão ilustre, o MC Fopi, autor do hit de funk “Bota a Mão no Chão”, que tem cerca de 17 milhões de visualizações no YouTube.
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Carreira de modelo
Apesar de viver envolta em arte desde criança, Isalu tem apenas quatro anos de modelagem. Apesar disso, sua desenvoltura transparece uma experiência bem maior. Ela trata de ressaltar o papel da profissão em sua auto-estima e valorização, como mulher negra. “Sou modelo fotográfica há quatro anos e essa profissão é parte importante na trajetória de construção da minha autoestima como mulher negra. A modelagem para mim surgiu como um ato de amor próprio, uma forma de demonstrar para mim mesma e também para meninas como eu, que a beleza está em todas nós”, destaca.
Para ela, conquistar no Miss Universo Minas Gerais vai muito além de um título, mas sim de ajudar a consolidar um caminho para outras meninas pretas que sonham com o alcance de seus principais desejos. “Como Miss Minas Gerais tenho o sonho de continuar trilhando esse caminho e mostrar a todas as mulheres que conseguem se ver em mim que podemos chegar onde quisermos, em qualquer lugar e em todos os lugares. A construção de uma realidade onde mulheres negras estejam em espaços de destaque possibilitam que a nossa voz tenha espaço na sociedade e que meninas negras consigam se ver nesses espaços”, disse a modelo.
“Ser uma mulher que busca inspirar outras mulheres é uma missão potente e de suma importância e responsabilidade. Representar a minha cidade no Miss Universo Minas Gerais tem sido um dos maiores motivos de orgulho na minha trajetória. Tenho uma origem humilde então alcançar esses espaços já é uma superação para mim”, continuou.
Sonho e luta
Isalu, mesmo apenas com 21 anos, tem a noção de que seu sonho representa algo mais que individual, mas sim uma luta coletiva por espaço, valorização e representatividade. “Ouro Preto é uma cidade em que 72% da população se autodeclara negra. Ser uma mulher negra representando a minha cidade nesse concurso é mais representativo ainda. Outro dado interessante é que em todo o estado de Minas Gerais, mais de 60% da população se autodeclara negra. Isso é muito significativo para mim pois, apesar desses números, somente uma parte pequena das misses já eleitas no país inteiro são negras. Sonho em mudar essa estatística”, revela.
“Meu objetivo sempre foi, seja com modelo, como Miss Ouro Preto, Miss Minas Gerais, e em qualquer coisa que eu me proponha a fazer, é dar voz a mulher negra e trazer a tona o feminismo negro, que tem particularidades que acolhem oque realmente atravessa mulheres negras. Eu encontrei esse propósito dentro de mim e ele simboliza tudo que eu acredito, à minha verdade, por isso participar do Miss Universo Minas Gerais tem sido um sonho”, finalizou a jovem, que pode levar o mais importante título de miss do estado para as ladeiras ouro-pretanas.
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[…] A modelo já conversou com o Radar Geral e contou suas experiências com a carreira e como foi sua infância na Cidade Patrimônio. […]