Itabirito (Região Central de Minas) – Na manhã desta sexta-feira (10/3), motoristas da Viação Serra Verde aderiram a uma paralisação dos trabalhos até que a empresa dê um retorno a respeito das reivindicações da classe. “Pedimos desculpas ao usuário, mas chegamos ao nosso limite”, disse a motorista Jéssica Fernandes.
Marcelo José, outro motorista, garante que sabe o que o cidadão, que precisa do coletivo, deve passar no dia de hoje. “Todo dia, para ir trabalhar ou para voltar para a casa, nós motoristas também não temos condução. Temos que nos deslocar por conta própria”, afirmou ele.
Ônibus
Até pouco antes das 6h, quando o Radar Geral saiu da porta da empresa, somente o coletivo da linha Meu Sítio e os ônibus fretados da Vale haviam saído.
Os que aderiram ao movimento não impediram a saída desses coletivos nem sequer coagiram os motorista que se dispuseram a trabalhar.
No horário citado, já era para ter deixado a garagem, ônibus de outras 15 linhas.
Intermediação
O vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários, Cláudio Lino, que trabalha na Serra Verde, tentou intermediar a situação. Ele explicou os trâmites legais para uma greve (comunicar com antecedência à empresa, não paralisar todas as linhas etc.). Entretanto, os manifestantes afirmaram que em nenhum momento eles fizeram greve.
Mais tarde, o senhor Lino chamou três motoristas, que estavam na paralisação, para conversar com o gerente da Serra Verde. Contudo, todos os condutores faziam questão de participar da reunião. Isso porque eles temiam ser usados como “boi de piranha”, como teria acontecido com outros dois trabalhadores, que formam demitidos ontem, com a empresa alegando justa causa.
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O Radar Geral, por meio do sindicalista, tentou conversar com algum representante da Serra Verde, mas não conseguiu. O contato (com telefone) do site foi deixado na empresa.
O motivo das duas demissões foi por causa de uma reunião que aconteceu na manhã quarta-feira (8/3) na porta da garagem (do lado de fora) em que condutores dos ônibus reivindicavam melhores condições de trabalho.
Essas demissões foram o estopim para a revolta dos trabalhadores.
Os manifestantes garantem que o que aconteceu na quarta não foi greve nem sequer paralisação, e sim uma reunião que atrasou os ônibus em “somente” 15 minutos, oportunidade em que os motoristas reivindicavam:
1 – Aumento do cartão alimentação (uma vez que não há lanche até as 23h). “O cartão não suporta lanche para o mês todo”, afirmaram os motoristas.
2 – Aumento do valor para fazer a cobrança dos usuários de 10% para 20% (esse valor a mais é dado pela empresa desde que trocadores foram dispensados).
3 – Banheiro em alguns pontos estratégicos (uma motorista contou ao Radar Geral que estava sendo observada por um homem, no bairro Munu, quando teve de usar, durante o trabalho, um mato como banheiro).
4 – Ventilador em todos os carros.
5 – Espelho de ponto assinado (para que as horas trabalhadas sejam registradas de maneira justa).
6 – Auxílio combustível para motorista se deslocar do trabalho para casa e da casa para o trabalho.
7 – Igualdade salarial em caso de dobra ou trabalho no dia da folga, que empresa pague o dia mais 100%.
8 – Treinamento deverá ser avisado no mínimo 72h antes e pago como hora extra (100%).
9 – Abertura de espaço para estacionamento no interior da garagem para os funcionários.
10 – 100% nas horas extras ou implantar três motoristas ao dia nas linhas urbanas.
Usuária prejudicada
Darci dos Santos Pessoa (76 anos), com consulta médica marcada para hoje pela manhã na Unidade Básica de Saúde (UBS) Central, bairro Santa Tereza, não sabia da paralisação.
Ela estava, às 6h15, em um ponto do Bela Vista esperando a lotação. Quando ficou sabendo que os ônibus não estavam saindo da garagem, ela disse: “Não tem problema, vou a pé. A UBS poderia ser mais perto para nós do Bela Vista. Para voltar para casa, vou ter de vir a pé também. É o jeito!”.
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