Itabirito (Região Central de Minas) – Leonardo Ruggio (66), dono do Museu Jeca Tatu, que fica na BR-356, encontrou, no último sábado (14/5), uma mochila com R$ 287 mil. A grande maioria desse valor em cheques e R$ 1.000 em dinheiro. A bolsa estava no braço de uma cadeira na lanchonete de seu estabelecimento. Léo (como é conhecido) esperou o contato do cliente e a devolveu.
Leonardo afirmou ao Radar Geral que ficou ansioso para resolver a situação mais rapidamente possível. “Foi por volta das 15h que encontramos a mochila, havia dinheiro, cheques, documentos, relógio, carteiras etc. Foi tudo muito rápido. Nem pensei em tirar uma foto da mochila. Só pensava em devolver. Mostrei para minhas funcionárias, para que eles fossem testemunhas”, disse ele.
O dono
João Marcos (de 30 anos), o dono da mochila, morador de Belo Horizonte, só se deu conta da perda quando chegou a Ouro Preto. “Eu estava com a minha família. Paramos em um restaurante e quando fui pegar a mochila, percebi o que tinha acontecido”, afirmou ele em entrevista ao Radar Geral.
Segundo João, o valor se refere a um apartamento que havia vendido para um amigo. “Ele me pagou com cheques pré-datados a perder de vista. Os cheques eu poderia sustar – o que me daria muito trabalho, mas mais trabalho ainda seria retirar novos documentos para toda a minha família, sem contar que havia R$ 1 mil em dinheiro (…). Fiquei feliz com a honestidade do colega. Quando cheguei, ele estava com a mochila nas costas. Ele salvou o nosso passeio”, disse João Marcos.
Antes de resgatar seus pertences, João conversou com Léo pelo telefone. “Achei o número no Google”, disse. Depois disso, ficou mais tranquilo. “É um sujeito do bem. Ele sabia quanto tinha na mochila. Isso me fez ficar ainda mais confiante porque era mais uma prova de que ele tinha a intenção, de fato, de me devolver tudo”, acredita.
Episódio da cadela
Em 13/6 de 2021, Leonardo se envolveu em mal-entendido envolvendo uma cachorra, já morta, que foi arrastado por ele (usando seu carro) pela BR-356.
A intenção era afastar o fedor do corpo do animal em putrefação de seu estabelecimento. Como era um domingo e não teria, de imediato, a quem recorrer, ele acreditou que sua atitude fosse a mais correta a se fazer
A necropsia da Polícia Civil constatou que o animal já estava morto, mas por ter sido flagrado por testemunhas, o caso ganhou imensa repercussão e colocou Léo em uma condição de pessoa sem consideração com os bichos. Ao que tudo indica, isso não é verdade. Haja vista o quanto o episódio trouxe sofrimento para ele e sua família. “Até hoje sofro consequências por uma suposta maldade que não fiz”, lamentou.
Conhecido por muitos no país por ter participado de um quadro no programa do Luciano Huck, na TV Globo, Léo tem defeitos, como qualquer pessoa, mas é trabalhador, empreendedor, escritor, amante da arte, dos animais e da natureza em geral, e afirma que tem a honestidade como uma de suas características. “Sempre falo com as minhas funcionárias: quando achar algo, guarde que o dono voltará para buscar. Não é a primeira vez que isso acontece”, disse ele, admitindo que quantia tão expressiva, nunca havia sido esquecida em seu estabelecimento.