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Radar Literário

Instagram: @priscillaportoescritora*

“Foi um livramento…” – tenta consolar uma amiga ou parente.

“Não, não foi.” – ainda pensa a mulher desconsolada.

Recente ao término de um casamento ou relacionamento, a mulher não acredita em livramento, ainda que ela tenha realmente se livrado de um traste – que a tratava mal, que a subestimava, que a traía e que nem sequer gostava de trabalhar. Dividir o cuidado com os filhos e com a arrumação da casa, então, nem pensar.

Acontece que, desde a infância, a sociedade impõe – mesmo que subliminarmente, mas na maioria das vezes escancaradamente mesmo – que quando crescer, a mulher só será completa e feliz, se estiver namorando ou casada. Ainda que o namorado ou o marido seja um traste.

E não quero dizer que todos os homens sejam trastes: de gente boa, íntegra e de caráter, o mundo ainda está cheio – sejam homens ou mulheres. Graças a Deus!

Queria era discorrer um pouco sobre essa necessidade de algumas mulheres de terem ou de continuarem com parceiros que não lhe acrescentam em nada – nem emocionalmente, nem sexualmente, muito menos a sua integridade pessoal. Conheço mulheres “porretas” que dão um duro danado pra trabalhar, pra cuidar dos filhos e deixar a casa em ordem, e ainda ficarem em forma, bonitas e arrumadas; mas que, apesar de tudo e de tanto, ainda mantêm relacionamentos com homens tão escrotos! Relacionamentos de quase não se acreditar que ainda perduram ou existem, porque a mulher aceita e prefere ficar mal acompanhada do que só. Ainda que elas tenham capacidade financeira e não estejam sendo ameaçadas, caso terminem com os seus trastes.

Estou falando de mulheres capazes e admiráveis, que se sujeitam a relacionamentos ruins e que não as fazem crescer (muito pelo contrário), para que não fiquem só, ainda que estejam muito mal acompanhadas.

Talvez porque a sociedade canta aos nossos ouvidos – desde quando somos pequenas – que “fizemos nossos castelos, sonhamos ser salvas por dragões, mas que foi uma desilusão não ter acordado com ninguém”, como na música ‘Mesmo que seja eu’, que sentencia ainda que “você precisa de um homem pra chamar de seu”.

Pois muito me questiono e complemento: sendo um nato traste, será que precisa mesmo?

* Priscilla Porto é jornalista e autora dos livros “As verdades que as mulheres não contam” e “Para alguém que amo – mensagens para um pessoal especial”.

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