Escolas Municipais de Itabirito. Imagens - Reproduções
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Itabirito (Região Central de Minas) – Em “carta à comunidade itabiritense”, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Itabirito (Sindsemi) propôs (conforme decidido em assembleia) a realização de uma greve sanitária dos profissionais da Educação municipal.

Isso porque a Prefeitura decidiu pelo retorno às aulas presenciais a partir desta segunda-feira (23/8). O que a classe reivindica é a continuidade dos trabalhos remotos tendo em vista a situação da pandemia no município.

O Radar Geral procurou a Prefeitura para que o Município apresentasse um texto como contraponto acerca do assunto, mas até o fechamento desta matéria, o site não o recebeu.

Todavia, o Radar divulgou, nesta sexta-feira (20/8), notícia em que são relatados alguns dos cuidados para que haja o retorno às aulas presenciais, com base em informações da Prefeitura (Leia a matéria CLICANDO AQUI).  

A seguir, na íntegra, a carta do Sindsemi propondo a greve sanitária:

Carta à comunidade itabiritense

Como é do conhecimento de todos, a Prefeitura Municipal de Itabirito decretou o retorno às aulas presenciais dos segmentos da Educação Infantil (0 a 5 anos) e Ensino Fundamental 1 (1º a 9º ano) a partir do dia 23 de agosto de 2021. Diante dessa decisão, professores e outros profissionais da Educação da Rede Municipal de Itabirito procuraram o sindicato dos servidores públicos e realizaram uma assembleia geral dos servidores no dia 9 de agosto, quando decidiram pela greve sanitária. Foram encaminhados os ofícios para o Poder Executivo e iniciou-se, a partir de segunda-feira, dia 16 de agosto, um processo de escuta dos vários setores profissionais da educação a fim de elaboração da pauta de reivindicações da categoria.

Mas o que é a greve sanitária? A greve sanitária não é a suspensão das atividades, mas a permanência do trabalho remoto para aqueles que já vinham executando-o, bem como uma melhor organização das demais atividades presenciais a fim de evitar ao máximo o risco de contaminação pela Covid-19. 

As razões que levaram à deliberação pela greve sanitária foram as seguintes:

Os profissionais da educação do município de Itabirito estão entre os últimos a receber a primeira dose da vacina contra a Covid-19. A aplicação da segunda dose está prevista para o período aproximado do final do mês de setembro o que faz com que não estejamos completamente imunizados. Além disso, o percentual de vacinados em Itabirito ainda é insuficiente para garantir a segurança da população. Abrir a escola para receber os alunos para as aulas presenciais nesse momento e nessas condições é proporcionar que o vírus circule de forma muito mais rápida do que já vem acontecendo. Se a maior parte da população não está imunizada e o aluno vai até a escola convive com colegas e professores e retorna para casa, a chance de ele contrair o vírus e transmitir para a família é muito grande. Ouvimos do médico que fez um vídeo para informar aos professores sobre os protocolos de retorno às aulas presenciais que o percentual de crianças que vêm a óbito pela Covid-19 é pequeno se comparado com os adultos. Mas a reflexão que fazemos é: se a criança que falecer for um filho ou se for um membro da sua ou da nossa família, será pouco?

Já caminhamos para pouco mais de um ano e meio de ensino remoto e de fato as aulas presenciais são essenciais tanto para os alunos quanto para os professores e demais profissionais da escola. Mas será que vale a pena colocar em risco a vida tanto dos profissionais, quanto dos alunos e famílias e até mesmo da população itabiritense quando a vacina já está em processo de aplicação e se aproxima cada vez mais do percentual seguro que precisamos? Somado a isso, tivemos conhecimento por meio de diversos meios de comunicação que a nova variante Delta já está em circulação em Minas Gerais e Itabirito está entre as 11 primeiras cidades mineiras a apresentar casos com essa variante. Estudos demonstram que essa variante é mais contagiosa e atinge mais a crianças e adolescentes. Vale a pena expor os alunos e a todos nós a esse risco?

Ademais, o modelo de ensino proposto é pedagogicamente um fracasso. Com alunos em ensino remoto ficando duas semanas do mês sem a possibilidade de contato com o professor e com alunos no ensino presencial correndo risco de saúde e tendo a possibilidade de estudar presencialmente no máximo duas semanas em um mês, isso a depender da quantidade de alunos em sua sala! Esse modelo não foi explicado pela Secretaria aos pais.

Os protocolos também não são seguros. Não há triagem por teste, somente o monitoramento pela identificação dos sintomas. Isso é muito sério! A Prefeitura joga para os pais e os profissionais a responsabilidade por monitorar possíveis sintomas e identificar casos de Covid.

Nas últimas semanas, com o retorno de alguns profissionais à escola, tivemos casos de algumas escolas e creches sendo fechadas após serem detectados casos de Covid-19 sem a presença de alunos. A possibilidade de situações como essa acontecerem com a presença dos alunos é muito maior e traz ainda mais riscos.

Com a greve sanitária, os professores e demais profissionais da educação buscam proteger a vida de todos. Para que um retorno seguro às aulas presenciais aconteça é preciso que o percentual de pessoas imunizadas na população seja maior. Além disso, é preciso que os profissionais da educação também estejam completamente imunizados. Precisamos que sejam fornecidos equipamentos de proteção individual e que os profissionais sejam testados para garantir que o vírus não esteja circulando no ambiente escolar. A presença física na escola faz muita falta e é essencial tanto para os alunos e familiares quanto para nós professores e demais profissionais da educação. No entanto, diante do contexto pandêmico, os profissionais da educação entendem que faltam condições ideais para que o retorno aconteça de forma segura. Diante do cenário, precisamos comunicar a vocês que muitos professores e outros profissionais da educação optaram por aderir à greve sanitária, com o objetivo de preservar a vida e a saúde dos profissionais da educação, dos alunos, familiares e da população como um todo.

Vamos defender a vida!

Comando da Greve Sanitária dos servidores Públicos de Itabirito – Sindsemi

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